Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de janeiro de 2019
A Comissão de Ética da Presidência da República avaliou que não houve quebra de conduta ética na promoção do filho do vice-presidente Hamilton Mourão ao cargo de assessor especial no Banco do Brasil. As informações são do jornal Folha de S.Paulo e da agência de notícias Reuters.
Em reunião, o colegiado decidiu não abrir investigação sobre o episódio e considerou que Antônio Hamilton Rossell Mourão “preenche os requisitos” para assumir a função.
Com a ascensão no banco público, ocorrida após o vice-presidente assumir a função, seu filho passou a ganhar R$ 36,3 mil, o triplo de seu atual salário. A nova função equivale a um cargo de executivo.
A promoção foi considerada inusual por funcionários e criticada dentro do próprio governo. Para integrantes da equipe ministerial, que falaram em caráter reservado, Mourão deveria dar o exemplo e pedir ao filho que abra mão da função.
O principal motivo do constrangimento é que a escolha diverge da conduta defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, durante a campanha presidencial, de acabar com privilégios de indicações políticas.
A nomeação foi criticada inclusive pelo MBL (Movimento Brasil Livre), um dos grupos de direita no Brasil que apoiaram Bolsonaro no segundo turno das eleições.
Funcionário de carreira do banco há quase duas décadas, Rossell vinha atuando havia 11 anos como assessor na área de agronegócio da instituição, ganhando cerca de R$ 12 mil mensais. Sua mulher, Silvia Letícia Zancan Mourão, também é funcionária do banco.
Nesta quarta-feira (23), após a decisão, o vice-presidente disse que a Comissão de Ética “seguiu a legislação prevista”. “Então, não compete a mim ficar satisfeito ou não”, disse.
Flávio Bolsonaro
Presidente em exercício, Mourão voltou a dizer que é preciso investigar o caso envolvendo o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), e que, se ficar comprovado participação dele, deve sim acarretar em eventuais punições, ao comentar declaração do presidente Jair Bolsonaro em Davos sobre o episódio.
“Apurar e punir se for o caso”, disse Mourão, em entrevista na saída do seu gabinete no Palácio do Planalto.
Em entrevista à Bloomberg, Bolsonaro disse que “se por acaso ele errou, e isso for provado, eu lamento como pai, mas ele terá que pagar o preço por essas ações”.
Flávio Bolsonaro, que é deputado estadual e assumirá o mandato de senador em fevereiro, é investigado na esfera cível por suspeita de movimentação financeira atípica detectada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Na terça-feira foi revelado também que Flávio empregou em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro a mãe e a mulher de um ex-policial acusado de liderar uma organização criminosa com atuação de milícia.
Além disso, um ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, também é investigado por movimentações atípica identificadas pelo Coaf.
Mourão foi questionado se a declaração de Bolsonaro não teria vindo tarde, quando o desgaste já está instalado.
“Não, na primeira vez que surgiu esse assunto ele já tinha declarado isso, tenho quase certeza que ele falou isso”, disse o presidente em exercício.
Mourão não soube dizer o motivo de o presidente ter cancelado em Davos a participação em uma entrevista coletiva.