O ambiente pró-impeachment, festejado pela oposição, não se reflete no número de apoios necessários no plenário da Câmara dos Deputados para levar ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Com o mapa de parlamentares nas mãos, deputados que coordenam o “comitê” do impeachment partiram para um vale-tudo em busca dos 342 votos. Com carta branca oferecida pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o clima no Legislativo é de intimidação e barganhas.
A oposição não descarta ações mais incisivas, como representar no Conselho de Ética contra deputados envolvidos na Lava-Jato, especialmente do PP, caso cedam à tentação de aceitar os cargos oferecidos pelo governo. A estratégia dos coordenadores do impeachment, entre eles os deputados Paulo Pereira da Silva (SD-SP), um dos mais próximos a Cunha; Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Mendonça Filho (DEM-PE) é de constranger deputados que ainda não tenham se posicionado publicamente, expondo fotos, números de telefones e e-mails para que sejam pressionados pelos eleitores. Outra estratégia já em curso é espalhar outdoors em algumas cidades com nomes e fotos dos deputados que votam contra o impeachment. Principalmente em regiões amplamente favoráveis à queda de Dilma.
Nos cálculos da oposição, a Bahia, por exemplo, tem uma situação mais difícil. Dos 39 deputados, a maioria estaria contra o impeachment: “Ninguém quer brigar com o governador, mas tenho perguntado a eles: é melhor divergir do governador ou do povo? Se eu não tivesse votado contra o Collor, não estaria aqui hoje”, disse José Carlos Aleluia (DEM-BA).