Quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de fevereiro de 2025
As novas gerações estão mais habituadas a consumir esse tipo de experiência que agrega grande volume de informações.
Foto: ReproduçãoOs profissionais que trabalham com criação e comunicação, sempre listados entre as profissões do futuro, ganharam novos aliados com as ferramentas tecnológicas e de inteligência artificial (IA). Por meio delas é possível garantir que grandes volumes de dados sejam consumidos e traduzidos em curto espaço de tempo para nortear, por exemplo, campanhas publicitárias, estratégias e até a implementação de políticas públicas.
Além disso, a automação dos processos é outra funcionalidade que facilitou a rotina de diferentes segmentos, incluindo recursos humanos. E essa mudança segue das salas de aula até os escritórios.
Uma pesquisa da IAB Brasil, organização que promove o desenvolvimento sustentável da publicidade digital, mostrou que quatro em cada cinco empresas entrevistadas utilizam inteligência artificial em suas estratégias de marketing. Além disso, a ferramenta é vista como suporte para desafios relacionados à eficiência operacional, como tomada de decisões (49%) e melhoria de experiência do cliente (34%).
Mas, com as oportunidades vêm os desafios. “No marketing e na comunicação, a curiosidade e a capacidade de adaptação são hoje algumas das habilidades mais buscadas”, afirma Luana Kava, coordenadora do curso de Marketing da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
Os olhos atentos às novas demandas requerem qualificação, o que necessariamente esbarra na atualização dos currículos dos cursos superiores. O Instituto Mauá de Tecnologia, com campus em São Paulo e no ABC, implementou no curso de Design uma disciplina específica para edição de imagem. “Uma ilustração iniciada do zero que a pessoa levaria 8h para fazer e apresentar para o diretor da sua empresa, hoje ela pode desenhar um esboço e em cinco minutos, com um aplicativo, ter uma versão acabada”, exemplifica o coordenador, Everaldo Pereira.
O professor reforça, porém, que até nesse exemplo hipotético o traço inicial é autoral e o software não criaria a imagem do zero: o ineditismo da produção afasta problemas com direitos autorais.
Mais do que “instrumentalizar” os estudantes com conhecimento técnico de como funcionam os softwares e as programações, Maurício Garcia, professor do Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli), acredita que as instituições de ensino tenham de trabalhar com o cenário de que no futuro todos os profissionais serão “empoderados pela IA” e, por isso, outras habilidades vão precisar ser desenvolvidas. “Os profissionais não vão atuar sozinhos como hoje, vão ter ferramentas construídas para apoiar determinadas demandas, a chamada IA vertical. Se um jornalista precisa fazer uma reportagem sobre mercado de petróleo, pode contar com um assistente virtual especializado para empoderá-lo a conseguir a entrevista com a fonte. Isso vale para todas as profissões.”
Nova realidade
Os conteúdos imersivos, criados com realidade aumentada e virtual, que permitem que o usuário navegue dentro de uma exposição ou museu, só com a ajuda de óculos, também criaram nichos. As novas gerações estão mais habituadas a consumir esse tipo de experiência que agrega grande volume de informações.
Para desenvolver esses conteúdos é necessário conhecimento que engloba comunicação, noções de programação, experiência do usuário e tecnologia. “Um profissional completo no futuro será aquele que souber integrar criatividade e inovação com conhecimentos técnicos”, diz Luana Kava, da PUC-PR.
O excesso de informações e possibilidades também tem seus efeitos colaterais e exigirá curadoria, que por sua vez, precisará da ação humana. A demanda abre mercado para os profissionais que sabem se comunicar, engajar e moderar comunidades online.
Quem dominar as ferramentas poderá ter informações sobre sentimentos analisados a partir de comentários nas redes sociais, identificar padrões de comportamento e até prever tendências, como diz Luana. “O desafio é justamente usar essas ferramentas sem perder a autenticidade. O público quer interações reais, e ninguém gosta de respostas genéricas de robôs. O segredo para construir e fidelizar a comunidade online é equilibrar automação com personalização, garantindo que a marca seja próxima e relevante para seu público.”
(Estadão Conteúdo)