O ministro Alexandre de Moraes reagiu com ironia e comentários jocosos à vitória de Donald Trump e aos riscos que podem surgir no caminho do Supremo Tribunal Federal (STF) com o retorno do republicano à Casa Branca, especialmente em relação à possibilidade de ter o visto revogado pelas autoridades americanas.
Segundo relatos, após a confirmação da vitória de Trump, Moraes puxou assunto com os colegas na sala de togas do STF sobre o fato de que a imprensa brasileira publicou reportagens e notas sobre os riscos de ele não poder mais viajar para os Estados Unidos.
Foi o próprio ministro quem trouxe o assunto na roda de conversa com os demais integrantes, tratando da possibilidade aos risos e minimizando a chance de a ameaça se concretizar, segundo um interlocutor.
Em setembro, um grupo de parlamentares dos Estados Unidos alinhados a Trump encaminhou uma carta ao Secretário de Estado americano, Antony Blinken, solicitando a revogação dos vistos de todos os ministros do Supremo — com destaque para Moraes, descrito no documento como “ditador totalitário”. Blinken comanda o Departamento de Estado, que chefia a diplomacia dos EUA.
A iniciativa não prosperou durante o governo do democrata Joe Biden, mas aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro apostam que as coisas podem mudar agora com a vitória de Trump.
O STF não esclareceu se Moraes possui visto em vigor para viajar aos Estados Unidos. O ministro, no entanto, costuma passear e cumprir agendas (como palestras e a participação em fóruns jurídicos) com mais frequência na Europa do que nos EUA.
Um dos últimos registros públicos de uma viagem sua aos EUA é de novembro de 2022, quando Moraes participou, em Nova York, do Lide Brazil Conference, promovido pelo ex-governador de São Paulo João Doria. No evento, ele disse “que a desinformação, o discurso de ódio, discursos preconceituosos, discursos agressivos nas redes sociais vêm corroendo a nossa democracia”.
Mais ministros
Outros quatro ministros do STF participaram do evento, que também reuniu o ex-presidente Michel Temer e mais de 100 empresários: Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, que na época ainda atuava na Corte.
Enquanto parlamentares da base de Trump ameaçam retaliar Moraes por conta de sua atuação determinando a remoção de contas no X, rede social do bilionário Elon Musk, o ministro do STF é quem vai decidir se Bolsonaro poderá ou não acompanhar a posse do republicano em 20 de janeiro.
Moraes e o Supremo já rejeitaram dois pedidos para devolver o passaporte de Bolsonaro, que está retido. Até lá, serão provocados novamente pela defesa do ex-presidente. Mas nada indica, ainda, que a decisão a respeito vá mudar – com ou sem ameaça de retenção do visto. As informações são do jornal O Globo.