Sábado, 26 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 7 de julho de 2024
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), respira aliviado após a mudança de postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Preocupado com as recentes críticas de Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que fizeram o dólar disparar nos últimos dias, Haddad tomou medidas para evitar uma crise irreversível com o mercado financeiro.
Diante do cenário preocupante, o ministro mobilizou sua equipe para elaborar um plano de corte de gastos a ser apresentado a Lula. Além disso, articulou com outros ministérios ações destinadas a agradar investidores e se dispôs a atuar como mediador entre o presidente e o mercado.
Na quarta-feira (3), Haddad conseguiu convencer o presidente da República a moderar o tom das críticas, resultando na chamada “bandeira branca” com o mercado financeiro.
A vitória política do ministro foi bem recebida por seus aliados, que elogiaram sua habilidade de articulação. Muitos duvidavam que ele seria capaz de reverter a situação, acreditando que Lula levaria sua guerra contra Campos Neto até o fim.
No entanto, a compreensão de que as atitudes do presidente poderiam comprometer a área econômica, uma de suas maiores preocupações, prevaleceu.
Haddad argumentou que o conflito contínuo manteria o dólar em alta, sufocando a inflação e impedindo novos cortes na taxa Selic, o que, por sua vez, diminuiria os investimentos.
Com a paz temporária estabelecida, o ministro da Fazenda agora quer concentrar seus esforços no corte de gastos e nos desdobramentos da reforma tributária.
Fogo amigo
O foco agora das falas de Lula é apresentar soluções que evitem a escalada do câmbio, acalmem o mercado e deem segurança em relação ao cortes de gastos – os quais, pelo menos no plano das ideias, já começam a se mostrar em entrevistas e pronunciamentos.
A promessa de Lula de que a “responsabilidade fiscal” será “mantida à risca” – pois seria um “compromisso assumido” desde 2003 – contempla setores que se mostravam inquietos com os rumos da economia, não obstante o desempenho positivo de diversos indicadores, como a geração de empregos, por exemplo.
Em outra frente, os encontros com Fernando Haddad, aliados às demonstrações de apoio, sinalizaram para o PT e a militância que é hora de baixar o fogo amigo.
De qualquer forma, o primeiro passo merece reconhecimento: Lula parece ter compreendido que o palavrório incendiário apenas levaria o dólar às alturas, afetando a competitividade das empresas brasileiras. Todavia, o cenário de volatilidade permanece à espreita – e o governo precisa ficar atento para não engordar especulações e incertezas.