Domingo, 30 de março de 2025
Por Redação O Sul | 27 de março de 2025
Após Jair Bolsonaro (PL) se tornar réu por unanimidade pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), antigos aliados que se afastaram e dissidentes do bolsonarismo se manifestaram sobre o julgamento da trama golpista, que envolveu o ex-presidente e sete de seus aliados próximos. Na sessão de quarta-feira (26), a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) foi aceita pelos cinco ministros que compõem o colegiado.
A ex-deputada Joice Hasselmann publicou que já havia alertado, “ainda em 2019”, que “toda a corja” acabaria “em cana”. “Vai ser de goleada, tipo jogo Argentina x Brasil. Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado”, ela disse, fazendo referência ao jogo das eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, na última terça (25), em que a Seleção Brasileira perdeu por 4 a 1.
Antes, em meio ao voto do relator e ministro Alexandre de Moraes, ela já havia comentado sobre a situação de Bolsonaro: “A casa caiu”.
Joice é uma ex-aliada de Jair Bolsonaro, tendo inclusive ocupado o cargo de líder do governo do ex-presidente no Congresso Nacional. No entanto, em 2019, perdeu a posição após entrar em conflito com os filhos do então presidente. Ainda no mesmo ano, ela e Bolsonaro romperam relações e começaram a se atacar publicamente.
O filho dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também se envolveu na disputa e associou a imagem de Joice ao personagem principal do desenho animado Peppa Pig, nas redes sociais. Além disso, ela teve atritos públicos com outros colegas de partido, como a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP).
Rompida com o bolsonarismo, Joice também cutucou em fevereiro deste ano Michelle Bolsonaro ao dizer que não acreditava que a ex-primeira-dama concorreria à Presidência da República nas eleições do ano que vem. A afirmação foi feita durante entrevista ao canal MyNews, quando a ex-deputada disse que Michelle “não tem capacidade intelectual nenhuma” para o cargo.
Deserdados
Carla Zambelli (PL-SP), outra aliada de Bolsonaro, preferiu o silêncio, não publicando mensagens de apoio ao ex-presidente, que agora é réu. Na última terça, o STF também formou maioria de votos para condenar Zambelli a cinco anos e três meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. A maioria da Corte também se posicionou a favor da cassação do mandato da deputada como consequência da condenação.
Além de estar focada em sua própria situação, Zambelli, que já foi amiga pessoal da família Bolsonaro, passou a ser vista como uma das culpadas pela derrota de Jair Bolsonaro na disputa pela reeleição em 2022. Após o episódio em que, armada, perseguiu um homem, pelo qual está sendo condenada, o ex-presidente a responsabilizou pelo revés.
“A Carla Zambelli tirou o mandato da gente. Aquela imagem da Zambelli perseguindo o cara… Aquilo fez gente pensar: ‘olha, o Bolsonaro defende o armamento’. Mesmo quem não votou no Lula, anulou o voto. A gente perdeu”, afirmou o ex-presidente ao podcast Inteligência Ltda., na última segunda (25).
Sem mencionar nominalmente o ex-mandatário, Zambelli afirmou, em uma publicação no X (antigo Twitter), ser “difícil aguentar o julgamento” de quem sempre defendeu.
Já o senador e ex-ministro de Bolsonaro Marcos Pontes (PL-SP), que recentemente teve um desentendimento com o ex-presidente, aparentemente ignorou as desavenças e se fez presente na quarta. Após Bolsonaro ser declarado réu, Pontes compartilhou, em seu perfil no X, uma live do ex-mandatário falando com a imprensa.
O mal-estar entre Marcos Pontes e Jair Bolsonaro surgiu a partir da candidatura de Pontes à presidência do Senado, em um momento no qual Davi Alcolumbre (União-AP) já era o favorito da bancada bolsonarista para o cargo. Em janeiro deste ano, Bolsonaro criticou duramente a candidatura de Pontes, chamando-a de “lamentável” em entrevista ao canal AuriVerde no YouTube.
O ex-presidente ainda afirmou que a candidatura de Pontes estava ocorrendo à “revelia do partido”, sugerindo que ela não tinha o apoio da base bolsonarista, gerando um clima ainda mais tenso entre os dois.
“Eu elegi você em São Paulo. Deixei de lado lá o meu amigo Marco Feliciano, com uma dor no coração enorme. Deixei de lado o Marco Feliciano para te apoiar ao Senado e esse é o pagamento?”, questionou Bolsonaro, na época. (As informações são do jornal O Globo)