Olhos suavemente fechados, respiração lenta e estável: a meditação, pelo menos quando outras pessoas a fazem, sempre transmite tranquilidade. Mas, em nosso mundo cronicamente distraído e viciado no smartphone, ficar parado durante dez ou 20 minutos é difícil, e muitas vezes faz com que inúmeros pensamentos errantes invadam o cérebro. Segundo os instrutores de meditação, é preciso reconhecer esses impulsos e depois retomar a respiração ou a atividade na qual se está focado.
Mas e se você não conseguir retomar o processo? E se houver só frustração? “Esse sentimento é muito comum”, afirmou Dan Harris, coautor de Meditation for Fidgety Skeptics e fundador do aplicativo de atenção plena Ten Percent Happier, acrescentando: “No entanto, distrair-se na meditação não é prova de fracasso.”
Ainda assim, ela pode ser desanimadora, como se você tivesse falhado ou de alguma forma se perdido. Mas os benefícios da atenção plena podem superar as frustrações; mesmo pequenos momentos de meditação podem ajudar as pessoas a se tornar mais focadas, menos ansiosas e menos deprimidas, até aquelas que têm dificuldade em se concentrar no dia a dia. “A atenção plena auxilia as pessoas por uma série de razões – ajuda inclusive a regular a atenção”, explicou John Mitchell, professor associado da Universidade Duke e especialista em atenção plena e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
Fracasso é de fato sucesso
A primeira coisa a saber é que você vai se distrair de novo e de novo e de novo. Isso pode levar a algumas visões negativas sobre seu cérebro. Todo mundo luta com isso no início, de acordo com David Austern, professor assistente clínico do departamento de psiquiatria da Escola de Medicina Grossman da NYU. No entanto, achar-se incapaz de meditar é algo muitas vezes mais agudo para aqueles que têm problemas de atenção.
Não existe isso de ser bom ou ruim na meditação. O ponto não é esse. Toda vez que você se distrai, começa de novo, e então percebe que a distração é na verdade uma prova de sucesso, disse Jeff Warren, professor de meditação que tem TDAH e é coautor de Meditation for Fidgety Skeptics. “O melhor para você é perceber onde está e aceitar quem você é, mesmo que se distraia a cada dez segundos.” Você é humano, e pode ser humano. Essa é a beleza da meditação. Trata-se de ser humano e viver o momento – não importa quão distraído esse momento seja.
Outra ferramenta para lutar contra o sentimento de fracasso no meio da meditação é algo que os especialistas chamam de “meditação da bondade amorosa”, que pode ajudá-lo a perdoar a si mesmo quando sua mente divagar.