Segunda-feira, 21 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 20 de abril de 2025
A psicóloga Dani Jesus, em coluna publicada no jornal Valor Econômico, responde a dúvida de uma leitora que mudou de emprego e tem receio de passar do ponto no quesito proatividade.
“Aprendi desde cedo que ser proativa é uma característica importante no mercado de trabalho. Por conta disso, sempre procuro me adiantar e realizar tarefas que estão ao meu alcance antes de me pedirem. Porém, acabo de chegar numa empresa nova e tenho o receio de ser vista como uma pessoa intrometida em vez de proativa. Não gostaria que as pessoas achassem que estou atravessando decisões e hierarquias. Como encontrar a medida entre proatividade e intromissão?”, questiona a analista de mídia, de 28 anos.
A proatividade é uma característica muito valorizada no mercado de trabalho, especialmente em ambientes dinâmicos onde iniciativas próprias fazem a diferença. Mas, como você bem percebeu, o excesso dela pode gerar uma percepção equivocada, principalmente quando se está chegando a um novo ambiente. O desafio é encontrar a medida certa entre contribuir de forma ativa e respeitar os processos e dinâmicas da equipe.
Um bom ponto de partida é a observação. Ao entrar em uma empresa nova, existe um período de adaptação em que você precisa entender como as decisões são tomadas, qual o nível de autonomia esperado para cada função e quais são as dinâmicas entre os times. Isso não significa frear sua vontade de ajudar, mas sim garantir que sua proatividade seja bem direcionada.
Uma abordagem que pode ajudar é verbalizar sua intenção antes de agir. Algo como: “Percebi que essa demanda pode ser adiantada. O que acham de eu já começar?” ou “Notei que podemos otimizar esse processo. Gostariam que eu levantasse algumas sugestões?”. Isso evita que sua iniciativa pareça um movimento individual desconectado do coletivo e cria espaço para feedbacks sobre a melhor forma de contribuir.
Outro ponto importante é entender os momentos certos para agir. Algumas tarefas podem ser tocadas diretamente, enquanto outras exigem um alinhamento prévio. Se a cultura da empresa valoriza muito a colaboração e o envolvimento de múltiplas pessoas nas decisões, sua proatividade pode ser melhor aplicada propondo melhorias e sugerindo ações, em vez de executá-las por conta própria.
Além disso, se houver abertura, vale conversar com seu gestor sobre seu perfil proativo. Você pode perguntar: “Quero garantir que minha iniciativa seja bem direcionada. Como posso contribuir sem atropelar processos?”. Esse diálogo ajuda a alinhar expectativas e cria um espaço seguro para que você receba orientações sobre os limites e as boas práticas da empresa.
Com o tempo, as pessoas vão perceber seu estilo e reconhecer sua iniciativa como um diferencial. O segredo está no equilíbrio entre agir e ouvir, entre tomar a frente e garantir que sua contribuição esteja alinhada com a dinâmica do time. Afinal, ser proativo não significa apenas antecipar tarefas, mas também saber ler o ambiente e entender a melhor forma de agregar.