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Por Redação O Sul | 10 de julho de 2023
Ao falarem sobre os abusos sofridos, muitas das vítimas de violência sexual médica admitem que duvidaram de suas suspeitas inicialmente.
Foto: PixabayA Polícia Civil de Maringá, no Norte do Paraná, identificou 41 mulheres suspeitas de terem sido abusadas pelo ginecologista e obstetra Felipe Sá, que está preso desde 15 de junho. Segundo a polícia, o médico é investigado por violação sexual mediante fraude, importunação sexual e estupro de vulnerável contra pacientes.
Casos como esse não são exceção no País. Nos últimos anos, diversos profissionais, de diferentes especialidades, foram presos ou tiveram seus registros médicos cassados após denúncias semelhantes.
Ao falarem sobre os abusos sofridos, muitas das vítimas de violência sexual médica admitem que duvidaram de suas suspeitas inicialmente. E especialistas afirmam que diversas outras sequer denunciam a violência, por medo ou vergonha.
Consentimento e informação
Juliana Giordano, da Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras, explica que um dos pontos centrais para que as pessoas se sintam confortáveis durante exames físicos, especialmente os ginecológicos, é a comunicação entre médico e paciente.
“Vai fazer palpação das mamas? Explique o procedimento. Vai sugerir um papanicolau? Explique como funciona em detalhes, caso a pessoa não conheça o exame, e esclareça o porquê você o está indicando”, diz.
A ginecologista e obstetra destaca ainda a importância do consentimento. Segundo ela, os médicos deveriam sempre pedir licença ou permissão para examinar os pacientes, mesmo que a pessoa pareça confortável.
“E isso vale para qualquer exame de toque, seja ausculta do coração ou do pulmão, exame de toque de tireoide ou abdômen”, afirma.
Além disso, sempre que acharem necessário, os pacientes devem fazer perguntas e questionamentos sobre o que está acontecendo.
Nesses casos, segundo a médica, é direito do paciente interromper a consulta ou exame imediatamente.
Maria Celeste Osorio Wender, diretora de defesa e valorização profissional da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), afirma ainda que é dever do especialista permitir a presença de um acompanhante na sala, sempre que o paciente desejar.
“Muitos ginecologistas já adotam como rotina manter a presença de uma enfermeira ou secretária na sala durante a realização de exames físicos, mas não é uma prática obrigatória”, explica. “Mas, se a paciente solicita que seu acompanhante fique na sala, o médico tem que permitir.”
Os pacientes que desejarem usar um espelho para acompanhar o exame ginecológico ou se sentirem mais confortáveis com a maca um pouco mais inclinada, de forma que consigam enxergar o médico, também podem solicitar a qualquer momento.
Toques fora do padrão
Wender afirma que também é importante manter a atenção aos toques que fogem do padrão do procedimento médico.
“O toque ginecológico faz parte do exame de rotina e tem como objetivo determinar o volume e posição do útero ou se tem alguma massa. Ou seja, não há necessidade de toques repetidos no clitóris ou pequenos lábios, por exemplo”, diz.
Segundo a especialista, o exame de palpação das mamas é padrão e importante, mas deve ser feito com respeito e diante da autorização do paciente.