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Comunicado conjunto dos presidentes do Mercosul celebra acordo com a União Europeia e silencia sobre a Venezuela

Cúpula do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Os presidentes dos países-membros do Mercosul divulgaram nessa sexta-feira (6) um comunicado conjunto celebrando a conclusão das negociações para o acordo de livre comércio com a União Europeia (UE). O texto destaca os benefícios econômicos e comerciais do pacto, apontado como “histórico” pelos líderes, mas evita mencionar diretamente a crise política na Venezuela, tema recorrente nas reuniões do bloco.

No comunicado, os chefes de Estado se congratularam pela “conclusão definitiva das negociações para um Acordo de Parceria entre o Mercosul e a União Europeia” e ressaltaram sua importância para a integração dos Estados-membros aos mercados internacionais.

“O Acordo reforça a vocação do Mercosul como plataforma de integração dos Estados Partes aos mercados internacionais”, afirmaram.

O acordo, aguardado há 25 anos, é visto como um marco para o fortalecimento do bloco sul-americano no cenário global, com a expectativa de impulsionar as exportações e atrair investimentos para os países envolvidos.

Venezuela

Embora a situação política na Venezuela seja um tema sensível e amplamente debatido nos fóruns regionais, o comunicado não menciona o país explicitamente. Em vez disso, os líderes do Mercosul optaram por incluir uma referência mais geral ao respeito à democracia e à segurança na região.

“Expressaram sua condenação a qualquer tentativa de desestabilização dos governos legitimamente eleitos na região. Nesse sentido, reiteraram que qualquer ameaça à segurança e à democracia em algum dos países atenta contra a estabilidade de toda a região”, destaca o documento.

A declaração genérica sobre a estabilidade democrática foi interpretada como uma tentativa de manter o tom conciliador entre os membros do bloco, evitando aprofundar divisões internas ou criar atritos com governos alinhados ou críticos ao regime de Nicolás Maduro.

Agro e indústria

Integrantes do governo e do Congresso comemoraram o fechamento do acordo comercial entre o Mercosul e a UE. O vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disseram que os termos do acordo agradam ao agronegócio e à indústria.

Alckmin, que também é ministro da Indústria e do Comércio Exterior, classificou o acordo como um exemplo de diálogo em um cenário global marcado por tensões geopolíticas.

“É o maior acordo entre povos de todo o mundo. Quero também destacar o grande significado disso em um mundo fragmentado e polarizado. Isso é prova de diálogo”, afirmou. Ele também exaltou a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo. “Se ele não fosse presidente do Brasil, dificilmente esse acordo teria saído.”

Segundo Alckmin, quando plenamente implementado, o acordo poderá elevar as exportações brasileiras para a União Europeia em 6,7% na agricultura, 14,8% nos serviços e 26,6% na indústria de transformação.

O vice-presidente também minimizou a influência das tensões políticas globais e de movimentos protecionistas, como a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, no ritmo das negociações.

Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, destacou os ganhos para o agronegócio brasileiro. “Esse acordo prevê mais liberdade comercial, por exemplo, zero tarifa para frutas, café e outros produtos brasileiros, além de cotas importantes para açúcar, carne de frango, carne bovina e etanol. Nós vamos mostrar a nossa competência e poder acessar esse mercado tão importante que é a União Europeia”, afirmou.

Fávaro também ressaltou que o momento é de aproveitar as oportunidades econômicas abertas pelo acordo. “O Brasil e o Mercosul ganham muito com esse acordo formalizado”, concluiu.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, apontou que o acordo vai além de questões comerciais, representando um símbolo de integração e cooperação. “Em um mundo conflituoso, o Acordo UE-Mercosul se traduz pela integração e cooperação para o crescimento econômico, geração de empregos e erradicação da miséria. Os parlamentos, de lá e de cá, agora darão seguimento às novas etapas. Comemoremos”, disse.

O senador Nelsinho Trad, representante do Brasil no Parlamento do Mercosul (Parlasul), enfatizou o impacto positivo para o agronegócio. “A certeza de que, vencidos os ritos do trâmite legislativo tanto no bloco europeu quanto no Mercosul, o setor do agronegócio brasileiro, principalmente, será o grande beneficiado da conclusão desse acordo”, afirmou.

O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ressaltou que o acordo representa uma nova era nas relações comerciais entre os blocos, trazendo benefícios econômicos e sociais para os países envolvidos.

“O pacto histórico inaugura a possibilidade do engrandecimento singular das relações comerciais entre os países integrantes dos blocos, elevando as interações a um novo patamar de desenvolvimento”, declarou o presidente do Congresso.

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