A preocupação sobre a Venezuela, na sequência da crise política desencadeada no país após as eleições de domingo, é generalizada. A oposição teme a prisão de María Corina Machado e o candidato do seu partido, Edmundo González Urrutia, que acreditam ser o vencedor. Outros políticos do partido já foram presos.
Políticos importantes pró-Chávez pedem uma pena de prisão para María Corina e Edmundo. Presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez chegou a pedir ao Ministério Público a prisão da líder da oposição, María Corina Machado.
“Ela deveria estar na cadeia”, disse Rodríguez aos demais deputados. “Com o fascismo não se pode ter contemplações, não há diálogo, o fascismo não tem benefícios processuais, nem é perdoado”, acrescentou.
As declarações foram feitas durante uma sessão da Assembleia Nacional e ocorreram horas antes de o poder judicial, controlado pelos chavistas ter emitido um mandado de captura para María Corina Machado. A líder da oposição informou estar escondida depois de ter sido ameaçada de prisão pelo regime e convocar novas manifestações nacionais para o sábado.
Ela disse ainda que não abandonará o país e denunciou uma escalada de violência e repressão por parte do regime. “Alerto o mundo para a escalada cruel e repressiva”, escreveu na rede social X.
Prisões
Maduro já declarou que está preparando prisões de segurança máxima para receber mais de mil manifestantes detidos durante os protestos que eclodiram após a sua contestada reeleição.
“Estou preparando duas prisões que devo ter prontas em 15 dias, já estão sendo arrumadas”, disse Maduro em um ato transmitido pelo canal estatal VTV. “Todos os manifestantes vão para Tocorón e Tocuyito, presídios de segurança máxima”, acrescentou.
O presidente faz alusão às instituições prisionais que, por anos, estiveram sob controle de quadrilhas criminosas até serem reocupadas pelas forças de segurança no ano passado. Tocorón, por exemplo, era o centro operacional da temida organização criminosa Trem de Aragua, uma das maiores da América Latina.
“Temos mais de 1,2 mil capturados e procuramos mais 1 mil, e vamos pegar todinhos porque eles foram treinados nos Estados Unidos, no Texas; na Colômbia, no Peru e no Chile”, disse o presidente, pressionado por mais de 40 países a apresentar as atas das seções eleitorais.
“Novo Haiti”
Referindo-se aos manifestantes como “terroristas”, “delinquentes” e membros de “quadrilhas de nova geração”, Maduro os comparou às gangues no Haiti.
“Querem transformar a Venezuela em um novo Haiti. Têm muito caminho a percorrer, então que construam estradas”, acrescentou o mandatário, em alusão à “reeducação” que será implementada nesses presídios.