A insatisfação com o corpo pode vir em qualquer idade, mas, na adolescência, ganha peso. O corpo em transformação incomoda e assusta. Se a cirurgia plástica for o caminho escolhido por um jovem para aumentar a autoestima e eliminar a frustração, é preciso observar algumas regras.
Por essa razão o cirurgião plástico e especialista em face Marco Cassol faz alguns alertas sobre essa situação. Segundo ele, toda cirurgia é permanente. No caso de uma prótese, o tamanho poderá ser alterado futuramente, mas o corpo nunca mais voltará a ser o que era. Além disso, o especialista deixa claro que riscos existem, como em toda cirurgia. Por isso, é interessante que haja uma conversa franca e amigável entre pais e filhos antes de qualquer procedimento.
Também é muito importante escolher bem os profissionais e as clínicas antes de se submeter às cirurgias plásticas. É sempre bom fazer uma pesquisa na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Além disso, é preciso perguntar ao médico tudo, sanar qualquer dúvida, expondo as expectativas e tomando ciência dos possíveis resultados. O cirurgião deve esclarecer todas as questões. Entre elas está o fato de que meninas que queiram aumentar ou diminuir a mama precisam esperar quatro anos depois da primeira menstruação, chamada de menarca.
Depois do processo iniciado, frisa o médico, todas as recomendações do pós-operatório dadas pelo cirurgião precisam ser seguidas à risca. Se, mesmo assim, o resultado não agradar em um primeiro momento, é recomendável esperar o tempo de recuperação. Cassol lembra que as cirurgias plásticas tendem a ficar melhores com o tempo, visto que o inchaço e os arroxeados tendem a diminuir a cada dia.
Procura alta.
O número de cirurgias plásticas em adolescentes entre 14 e 18 anos mais do que dobrou nos últimos anos – saltou de 50 mil procedimentos em 2010 para mais de 100 mil (145% a mais), segundo os últimos dados da SBPC (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) divulgados no ano passado.
Ainda de acordo com SBCP, no inverno, a estação que está associada às férias escolares, a procura pelas cirurgias aumenta em média 60%. “Isso acontece porque o frio torna o pós-operatório mais confortável, favorecendo a recuperação mais rápida. Além disso, é recomendado não tomar sol após a cirurgia para evitar manchas”, explica a cirurgiã Cristiane Todeschini.
De acordo com ela não existe uma norma que defina qual a idade mínima para se submeter à cirurgia plástica. “Cada caso tem de ser avaliado separadamente. A idade não é o mais importante. O mais importante é avaliar a evolução física do paciente”, diz. Conforme ela, os motivos que levam pessoas jovens a procurarem uma cirurgia plástica são características físicas percebidas como diferentes ou que causam dor física, como mamas exageradamente grandes ou orelhas protuberantes, que podem levá-los a um isolamento dos demais e prejudicar sua saúde, sua vida social e sua autoestima e confiança em si mesmos.
“Em geral, os jovens que corrigem possíveis problemas ganham autoestima e confiança. Uma cirurgia plástica bem sucedida pode, inclusive, reverter a tendência ao isolamento do adolescente que se sente diferente dos demais”, revela a médica, lembrando que há adolescentes com 14 anos que já possuem corpo biológico de adulto.