Alguns dos nomes mais famosos da moda italiana e do mundo marcaram, nos últimos dias, a Semana de Moda de Milão, com um calendário mais curto, começando com a abertura da grife de luxo Prada e terminando com um protesto surpresa da Gucci. Miuccia Prada escolheu uma nova abordagem, evitando a moda a favor do estilo atemporal, enquanto Alessandro Michele, da Gucci, fez um desfile controverso com uma série de camisas de força. Apesar disso, a marca de Donatella Versace foi a responsável por brilhar na passarela.
Revisitando uma de suas contribuições de moda mais significativas, a Versace fez a atriz e cantora Jennifer Lopez inflamar seu desfile com um remake do famoso vestido verde usado por ela no Grammy de 2000.
Na época, milhares de pessoas se inspiraram na peça para criar o próprio modelo. Já na última sexta-feira (20), contudo, os internautas nas redes sociais foram à loucura ao ver novamente a cantora exuberante com o vestido.
Espalhados pela cidade italiana, vários outros designers exibiram suas coleções primavera-verão 2020 em locais com arquiteturas deslumbrantes. Para celebrar sua primeira temporada como diretora criativa da Missoni, Margherita Missoni fez sua apresentação encenando um bonde viajando por Milão. A cada parada, novos modelos apareciam vestindo uma mistura de estampas clássicas.
Silvia Fendi, por sua vez, fez seu primeiro “show” solo após a morte do diretor criativo Karl Lagerfeld em fevereiro, o que representa um novo início para a marca romana.
A estilista apresentou uma coleção com uma paleta de cores brilhante, luminosa e solar.
O desfile da Gucci também foi um dos momentos marcantes desta temporada. Com foco na noção da humanidade e em uniformes, Michele enviou para a passarela modelos usando variações de camisa de força na cor branca.
Para o designer, a coleção é “a versão mais extrema de um uniforme ditado pela sociedade e pelos que o controlam”. A ação provocou um protesto silencioso por parte da modelo Ayesha Tan-Jones. Durante o desfile, ela levantou os braços para mostrar uma mensagem escrita nas mãos: “Saúde mental não é moda”. “Como artista e modelo, que enfrentou suas próprias batalhas com a saúde mental, assim como familiares e entes queridos com depressão, ansiedade, bipolaridade e esquizofrenia, é ofensivo e insensível uma grande marca, como a Gucci, usar imagens assim como um conceito de moda fugaz”, escreveu Tan-Jones em sua conta no Instagram após o desfile.
A marca, por sua vez, confirmou que os itens inspirados na camisa de força não serão disponibilizados para venda, mas foram projetados “para representar como, através da moda, o poder é exercido ao longo da vida”. A linha também apresentou várias peças coloridas desenhadas como um “antídoto” para as roupas brancas.
Entretanto, os estilistas de Milão não sofreram pressão, como a realizada em Londres, para abordar as questões climáticas e meio ambiente, mas muitos aproveitaram seu momento de destaque para abordar a sustentabilidade. A Prada, responsável pela abertura dos desfiles, foi uma das 32 marcas que assinou o “Pacto de Moda” no mês passado e se comprometeu a reutilizar materiais. Já a Colville, transformou velas de barco reciclados em quebra-ventos, enquanto que a Missoni teve sua maior parte da coleção feita de tecidos reaproveitados.