Esta sexta-feira (10) marca a passagem de exatos três anos desde a confirmação do primeiro caso de coronavírus ao Rio Grande do Sul. O marco inicial é o teste positivo de um homem de 60 anos, residente em Campo Bom (Serra) e que no dia 23 de fevereiro de 2020 havia retornado de viagem turística à Itália, na época um dos epicentros mundiais da pandemia.
O idoso apresentava quadro clínico leve, sem necessidade de internação hospitalar e permanecendo isolado em casa até a sua recuperação. Nenhum familiar apresentou sintomas e todos foram acompanhados pela Secretaria Estadual da Saúde (SES).
A entrada da covid no mapa gaúcho foi oficializada na tarde de 10 de março daquele ano, uma terça-feira, por meio de coletiva de imprensa com o governador Eduardo Leite (em primeiro mandato) – exatamente duas semanas antes, São Paulo havia anunciado o primeiro registro no Brasil.
Enquanto a informação era divulgada no Palácio Piratini, a SES já admitia outras 86 suspeitas de contágio, sob observação. Uma dessas pessoas se tornaria, no dia seguinte, o segundo caso no Estado e o primeiro na estatística de Porto Alegre: uma mulher de 54 anos que também estivera a passeio na Itália, retornando em 6 de março.
Óbito inaugural
O primeiro desfecho fatal do coronavírus no Rio Grande do Sul foi notificado no dia 25 de março de 2020, na capital gaúcha. Ao lamentar o fato por meio de nota oficial, o então prefeito Nelson Marchezan Júnior – em seu último ano ano de mandato – detalhou que a vítima era uma idosa de 91 anos, internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Moinhos de Vento.
Antes dela, outras 46 perdas humanas para a covid já haviam sido confirmadas em outros Estados – 40 delas em São Paulo e seis no Rio de Janeiro. Logo a pandemia avançaria por todo o País, em uma das maiores tragédias sanitárias já enfrentadas pelo Brasil, com implicações também econômicas cujo estrago ainda não foi superado.
“O caso ratifica a gravidade da pandemia e a necessidade de medidas de isolamento social por todos, em especial os idosos”, ressaltou em manifestação oficial o titular da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) na época, Pablo Stürmer. Naquele momento, as UTIs da cidade já atendiam outros oito pacientes acometidos da chamada “síndrome respiratória aguda grave” (SRAG) causada pelo vírus.
“Lamentamos muito e esperamos que nossas medidas possam evitar que isso seja uma constante em nossa cidade” acrescentou Marchezan.”Precisamos de todos, porque essa não é uma questão jurídica ou ideológica, mas de saúde.”
Estava definitivamente configurada a pandemia. Desde então, o Estado acumula quase 2,97 milhões de testes positivos da doença (estatística que também abrange indivíduos infectados mais de uma vez em diferentes momentos).
Em 41.934 mil casos, o paciente não resistiu – para se ter uma ideia, esse contingente quase equivale ao número de torcedores que lotaram a Arena no Grenal do domingo passado. A maioria dos casos fatais é de idosos (60 anos em diante). Apenas uma das 497 cidades gaúchas não registra perdas humanas para a doença até agora: Novo Tiradentes, na Região Norte do Estado.
(Marcello Campos)