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Mundo Conflito entre Rússia e Ucrânia se arrasta sem grandes avanços e pode terminar “congelado”

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Resistência ucraniana surpreendeu militares experientes. (Foto: Reprodução)

Quando Vladimir Putin deu sinal verde para que seus tanques cruzassem a fronteira com a Ucrânia, em fevereiro do ano passado, boa parte dos analistas militares russos — e ocidentais — apostava em um avanço rápido rumo a Kiev.

Aquele momento era o ápice de uma preparação que por anos rondou o núcleo do poder no Kremlin, e tinha entre seus objetivos uma alegada “desnazificação” da Ucrânia, um conceito até hoje pouco claro.

E, 500 dias — e 8 milhões de refugiados, 6 milhões de pessoas internamente deslocadas, dezenas de milhares de mortos e mais de US$ 150 bilhões (R$ 730,8 bilhões) de infraestrutura destruída — depois, ainda não há clareza de como o conflito pode terminar.

Resistência 

Mas, ao apostar numa vitória devastadora, os entusiastas da guerra parecem ter se esquecido de um velho ditado russo: “as galinhas são contadas no outono”, a versão local de “não conte com o ovo antes de a galinha botar”. A resistência ucraniana surpreendeu militares experientes, e o apoio do Ocidente transformou a intervenção em um atoleiro que vai se estender por bem mais do que os 500 dias completados hoje.

“Das guerras que duraram mais de um mês, mas acabaram antes de um ano, só 24% terminaram com cessar-fogo. Quando guerras entre Estados se alongam por mais de um ano, elas duram uma década, em média, resultando ainda em combates esporádicos”, escreveu Benjamin Jensen, pesquisador do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, em relatório de março de 2022 que analisou guerras desde 1946.

Contudo, conflitos podem simplesmente não ter um ponto final. Alguns entram em estado de “congelamento”, no qual os dois lados suspendem os combates de grande porte e avanços territoriais, seja por um cessar-fogo, pressão externa ou conveniência. Este cenário se repetiu algumas vezes na História e tem como principal marca a instabilidade, que por vezes transborda em novos enfrentamentos.

O mais conhecido caso é a Guerra da Coreia, travada entre 1950 e 1953, que serviu de cenário para um dos primeiros enfrentamentos diretos entre potências na Guerra Fria, e dividiu a Península Coreana. Oficialmente, os dois lados seguem em estado de guerra, mantêm canais mínimos de contato, e a paz relativa é garantida pela fronteira mais resguardada do mundo e pela presença maciça de tropas dos Estados Unidos (e pelas armas nucleares norte-coreanas).

Fracasso

Este modelo poderia ocorrer na Ucrânia? O exemplo da guerra civil no Leste do país, prelúdio para a invasão russa de fevereiro de 2022, mostra que a resposta é complexa.

Em setembro de 2014, meses depois da anexação da Crimeia e do início dos combates entre milícias separatistas pró-Rússia e as forças ucranianas na região de Donbass, foi firmado um plano mediado por França e Alemanha, o Acordo de Minsk, que tinha como meta pausar o conflito e abrir caminho para o fim duradouro das hostilidades.

Além do cessar-fogo, o plano estabelecia trocas de prisioneiros, entrega de armamentos pesados e a criação de corredores humanitários. Pouco após a assinatura, ele foi seguidamente violado. Uma nova tentativa foi feita em fevereiro de 2015, com o acordo “Minsk 2”, que ampliava os compromissos anteriores. Novo fracasso. Meses antes da invasão russa, Putin usou o acordo que ele mesmo violou como argumento para a sua guerra.

O próprio presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, é um crítico dos acordos de Minsk. Pouco depois de ser eleito, em 2019, afirmou que não faria concessões ao Kremlin e estabeleceu que o fim da guerra no Donbass era prioridade. Com os tanques russos já em seu país, ele diz que a única possibilidade de um cessar-fogo envolve a devolução de todos os territórios ocupados, incluindo a Crimeia. Além, claro, da entrada de seu país na Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos EUA, o que não deve acontecer tão cedo — se ocorrer algum dia.

“Não vamos permitir que a Rússia aguarde, acumule forças e depois recomece uma nova série de terror e desestabilização global. Não haverá um “Minsk 3”, o qual a Rússia imediatamente violará depois do acordo”, disse Zelensky em novembro passado, durante participação na reunião de cúpula do G20, na Indonésia.

A decisão final, contudo, não cabe só ao líder ucraniano.

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