Esse conflito envolvendo judeus e o povo árabe é talvez um dos maiores conflitos da História da Humanidade.
Essa animosidade é histórica e de origem político/religiosa onde diversos povos ao longo de milênios praticam um convívio que em em nenhuma hipótese poderemos considerar harmonioso e pacífico.
O Templo de Salomão foi o primeiro em Jerusalém, era um local de culto religioso judaico para a adoração de Javé, Deus de Israel onde ofereciam sacrifícios conhecidos como “Korbanot”.
Ele foi totalmente destruído por Nabucodonosor II, da Babilônia, com consequente escravidão dos judeus, onde os mesmos foram expulsos da região e se espalharam pelo mundo, com exceção da região da Ásia Amarela.
Foram perseguidos por toda a Europa. Procuravam um local onde pudessem se refugiar e, gradativamente, foram adquirindo terras e dando origem a um domínio da região, provocando uma discórdia do povo árabe contra eles.
Hoje, o que resta do Templo de Salomão é o “Muro das Lamentações”, em Jerusalém, principal pivô desta interminável discórdia.
A guerra árabe-israelense de 1948 iniciou-se no final do mandato britânico, os quais controlavam a navegação no Canal de Suez, e chegou ao fim com os acordos de armistício de 1949. Nessa ocasião, resultou na fuga ou expulsão de 711 mil palestinos, conhecidos por eles como Nakba, pelo controle das terras daqueles territórios que se tornaram o Estado de Israel.
A primeira proposição para a criação de Estados judeus e árabes foi no Mandato Britânico da Palestina onde foi feito um relatório na Comissão Peel, em 1937. Foi proposto no Mandato cobrir apenas uma pequena área contendo Jerusalém. Essa proposta de partição da área foi rejeitada pela comunidade árabe da Palestina e aceita pela maioria dos líderes israelenses.
A partição foi apresentada novamente no plano de partição da ONU em 1947 para a divisão da Palestina. Nele foi apresentado um plano cuja proposta era uma divisão em três vias, propondo novamente que Jerusalém mantivesse separada e sobre a jurisdição internacional. Esse foi aceito pela liderança judaica, no entanto, foi veementemente rejeitado pelos líderes das nações árabes. Como também pela liderança palestina, os quais se opuseram a qualquer partição da Palestina. Não aceitavam qualquer assentamento judaico na região.
Após o conflito árabe-israelense de 1967, conhecido também como Guerra dos Seis Dias, onde o Conselho de Segurança das Nações Unidas, por unanimidade, aprovou a resolução 242, solicitando a retirada israelense dos territórios que foram ocupados no período da guerra, em troca da “rescisão de todas as reivindicações ou Estados de beligerância” e “reconhecimento de soberania. integridade territorial e independência política de todos os Estados da região”.
A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), anteriormente formada em 1964, criticou veementemente a resolução, afirmando que ela reduziria o problema da Palestina a uma questão de refugiados na região.
Cinquenta e seis Estados Membros da Assembleia-Geral da ONU propuseram, em setembro de 1974, que a questão da Palestina fosse incluída como um item na agenda a ser apreciada. Uma resolução adotada em 22 do mesmo mês da Assembleia-Geral propôs direitos palestinos, que incluíam o “direito à autodeterminação sem interferência externa”, “o direito à independência e soberania nacional” e o “direito de retornar para suas casas e propriedade”. Esses direitos continuam sendo afirmados todos os anos.
Quando estive em missão na UNEF-1 incorporando o 20° Contingente do Batalhão Suez, tínhamos o cuidado nos nossos deslocamentos na região.
Éramos constantemente vigiados por paramilitares conhecidos como Fedayins. Eram combatentes tanto egípcios como iraquianos e tinham uma estrutura militar muito elementar.
Não tínhamos como fazer uma identificação de suas patentes com distinção de quem era oficial ou um praça subalterno.
Os Fedayins eram criminosos e terroristas e não mediam esforços em seus atos por vezes extremamente violentos e com índices de agressividade muito alto. Penso que foram eles, com suas ações de repúdio o exemplo e a principal base de criação de diversos grupos de movimentos anti-sionistas como Hamas, Fatah, Jihad Islâmica e Hezbollah no Oriente Médio onde estas organizações atuam como terroristas ou partidos políticos.
O Hamas surgiu no interior da Irmandade Muçulmana, que, por sua vez, originou-se no Egito, em 1928, cujo objetivo principal é promover uma islamização das sociedades muçulmanas. O crescimento da Irmandade Muçulmana no Egito foi imediato com grande influência naquele período em seu país de origem.
O criador da Irmandade Muçulmana, Hassan al-Banna, pregava que primeiro, a sociedade egípcia e após toda a nação árabe deveriam passar por um procedimento de islamização, que enalteceriam os valores da religião.
Fundado em 1987, o Hamas é liderado por médicos e pós-graduados como Abdel Aziz Rantissi, Mahmmoud Zahar, Ismail Hanieh e Ismail Shanab, é uma organização palestina com proposições nacionalistas e islamistas que tem por finalidade garantir a libertação do povo palestino e lutar pelo extermínio do povo judeu.
Essa organização é vista mundialmente como terrorista, e analistas internacionais denunciam-na pelo controle da Faixa de Gaza de maneira arbitrária e absolutista.
Não vejo uma pacificação naquela região. Nem sei se será isso possível. Haverá muitas disputas e derramamento de sangue tanto de beligerantes como de inocentes.
Norberto Soares Paiva – Ex-integrante do 20º Contingente Batalhão Suez