O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, disse na quarta-feira (23) que Washington não tinha visto provas das alegações israelenses de que o movimento xiita libanês Hezbollah havia montado um complexo de bunkers sob um hospital nos subúrbios do sul de Beirute. Sob o hospital al-Sahel, localizado em Dahiyeh, os combatentes guardariam dezenas de milhões de dólares em espécie e em ouro, segundo Israel. Jornalistas que visitaram o local disseram não ter encontrado o suposto bunker.
“Não vimos evidências disso até o momento”, disse Austin a repórteres em uma coletiva de imprensa na Itália. “Continuaremos a colaborar com nossos colegas israelenses para obter maior precisão sobre o que exatamente eles estão vendo.”
Austin também disse que o Hezbollah tem um histórico de colocar armas embaixo de mesquitas e escolas, e usar locais civis como cobertura para operações militares. O grupo negou as alegações.
“Os israelenses precisam ter o máximo de cuidado possível para proteger os civis”, disse o secretário, mas acrescentou que as táticas do Hezbollah e do Hamas estavam tornando isso “mais complicado”.
Na terça-feira, jornalistas foram convidados a irem até o local para uma visita supervisionada. Entre eles, estava uma repórter da rede britânica BBC. De acordo com Orla Guerin, até a área onde o lixo médico é armazenado foi aberta para que pudessem olhar, mesmo o necrotério, onde “todas as gavetas foram abertas para nos mostrar que não havia nada dentro”, afirmou a repórter.
“Também tivemos permissão para circular como quiséssemos, sozinhos. Portas foram abertas para nós, em todas as áreas, coberturas, fomos permitidos ver o que tem para ver”, relatou Guerin.
O repórter da agência alemã DW, que também participou da visita, disse que “nada foi encontrado”.
“Posso confirmar que não vimos nenhuma infraestrutura suspeita durante nossa estadia e durante esta visita ao hospital”, disse Mohamad Chreyteh.
Na quarta-feira, o porta-voz militar israelense Nadav Shoshani acusou o Hezbollah de mascarar a entrada do local e impedir o acesso de repórteres: “O Hezbollah não quer que vocês encontrem o dinheiro.”
Militares israelenses disseram na segunda-feira ter atacado um bunker do Hezbollah que continha quantias milionárias como pare de sua ofensiva no Líbano contra os interesses financeiros do movimento xiita. O porta-voz das Forças Armadas israelenses, o contra-almirante Daniel Hagari, afirmou que o bunker era um dos locais seguros usados por Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah morto no final de setembro em Beirute.
O dinheiro guardado era “utilizado para financiar os ataques do Hezbollah contra Israel”, afirmou Hagari. O anúncio veio após uma série de ataques contra uma associação financeira acusada por Israel de ser peça-chave na arquitetura financeira do grupo.
Fadi Alameh, diretor do hospital, considerou as alegações infundadas e convidou observadores internacionais para visitar o hospital. Ele também anunciou o esvaziamento da unidade por temor de que pudesse ser bombardeado, possibilidade que, ao menos por enquanto, Israel nega. As informações são do jornal The New York Times.