Uma pessoa foi morta a tiros no Estado de Oregon, nos Estados Unidos, quando uma grande massa de apoiadores do presidente Donald Trump entrou em confronto contra manifestantes do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em inglês), que protesta contra a brutalidade policial contra os negros no país.
Imagens da cena na cidade de Portland mostravam médicos tentando salvar um homem, que parecia ser branco.
A polícia não forneceu a identidade nem especificou se o tiroteio teve relação direta com os confrontos ocorridos no centro. As ruas da cidade têm sido palco de protestos frequentes nas últimas semanas.
A cidade se tornou um foco de manifestações contra a brutalidade policial e o racismo desde que o assassinato do afro-americano George Floyd, em Minneapolis, em 25 de maio, desencadeou uma onda de indignação nacional e internacional.
Apoiadores de Trump contrários ao movimento Black Lives Matter, por sua vez, também começaram a fazer protestos na cidade. Forças federais foram enviadas pelo presidente Trump a Portland em julho, o que o governo alegou ter sido uma “medida para prevenir a violência”.
O que se sabe sobre o tiroteio? O último sábado (29) foi o terceiro fim de semana consecutivo a ter uma manifestação pró-Trump.
Em um comunicado na noite de sábado, a polícia de Portland disse: “Policiais de Portland ouviram sons de tiros na área. Eles responderam e localizaram uma vítima com um tiro no peito. Os médicos responderam e determinaram que a vítima havia falecido.”
A imprensa local relatou que “equipamento de camuflagem” com “retalhos azuis finos” foi visto próximo ao corpo – um sinal comum de apoio à polícia. O homem usava um chapéu ligado ao grupo de extrema direita Patriot Prayer, relata o jornal The New York Times.
Outra imagem mostra a polícia tentando conter um homem que aparentemente estava com a pessoa que foi baleada.
Qual foi o pano de fundo do tiroteio? O tiroteio aconteceu em meio a brigas entre os apoiadores do Trump e os manifestantes do Black Lives Matter no centro da cidade.
A tensão aumentou depois que um comboio de cerca de 600 veículos hasteando bandeiras e transportando cerca de mil apoiadores de Trump se reuniu em um shopping no condado de Clackamas, antes de entrar no centro de Portland.
Um vídeo mostrou algumas pessoas disparando o que a mídia local descreveu como spray de pimenta e tiros de armas de pressão contra grupos do Black Lives Matter que faziam um bloqueio nas ruas para impedir a caravana de entrar na cidade.
A polícia relatou “alguns casos de violência” entre “manifestantes e contramanifestantes” e disse que algumas prisões foram feitas. A violência se seguiu à convenção republicana da semana passada, que formalmente ungiu Trump como o candidato presidencial do partido.
Aceitando a indicação em um discurso no gramado da Casa Branca, ele disse que Portland é vítima de “distúrbios, saques, incêndios criminosos e violência” e colocou a culpa nos adversários democratas.
Os confrontos também ocorreram na sequência do tiro dada pela polícia contra um homem negro em Wisconsin. Jacob Blake ficou gravemente ferido na semana passada depois de levar sete tiros nas costas por um policial em Kenosha enquanto entrava em um carro.
O presidente Trump disse que visitará Kenosha, que tem visto violência generalizada.
Por que Portland é um epicentro da tensão? Alguns protestos em Portland sobre a morte de George Floyd foram marcados por violência, incêndios, danos à propriedade, prisões e alegações de brutalidade policial.
Em julho, policiais federais receberam fortes críticas por reprimir as multidões — contra a vontade das autoridades locais — que se reuniram na cidade. Oficiais federais em veículos sem identificação pareciam capturar os manifestantes nas ruas à força e detê-los sem justificativa.
A administração Trump descreveu os manifestantes como uma “multidão violenta”, mas as autoridades municipais fizeram uma distinção entre manifestantes pacíficos e grupos menores empenhados em criar problemas.
Portland também viu violência entre grupos de extrema direita, como Proud Boys e Patriot Prayer, e contramanifestantes do movimento antifascista. As informações são da BBC News.