Com dados da Operação Lava-Jato e a quebra de sigilo bancário e telefônico de dirigentes, o Congresso articula a criação de uma CPI para investigar os contratos da Copa de 2014 no Brasil, as suspeitas de corrupção envolvendo pagamentos para membros do Comitê Organizador Local e mesmo nas obras e estádios.
Os atuais trabalhos da CPI do Futebol, presidida pelo senador Romário (PSB-RJ), terminarão em maio. Mas alguns senadores costuram nos bastidores a possibilidade de manter as investigações, desta vez focadas exclusivamente na organização do Mundial. O parlamentar Paulo Bauer (PSDB-SC) indicou que vê a continuidade das averiguações como algo positivo diante do volume de informações coletadas.
O objetivo será reunir as evidências recolhidas pelo MPF (Ministério Público Federal) e pela PF (Polícia Federal), além de cruzar os dados com a quebra do sigilo bancário e telefônico de ex-dirigentes da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), como Marco Polo del Nero e José Maria Marin.
Parte da ofensiva estaria relacionada com a construção de estádios. Na Operação Fair Play, em agosto de 2015, as autoridades anunciaram indícios de que a Odebrecht tenha vencido a licitação para a construção da Arena Pernambuco graças a uma fraude e com superfaturamento de 42,8 milhões de reais. A suspeita era que agentes públicos foram subornados pela construtora.
O contrato ainda previa que o governo pernambucano ressarciria a Odebrecht por 30 anos por eventuais déficits de receita no local do estádio, correspondendo a 1,8 bilhão de reais em três décadas. (AE)