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Conheça as vacinas contra o coronavírus que já são testadas em humanos

Por causa de brigas deflagradas pelo presidente Jair Bolsonaro, o Brasil sequer foi convidado para lançar iniciativa global que reúne países como França e Alemanha. (Foto: Reprodução)

Desde o início da pandemia de Covid-19, mais de cem testes diferentes de vacinas contra o vírus causador da doença foram anunciados mundo afora. Algumas delas já são testadas em humanos.

A velocidade do processo em diferentes países supera tudo o que já foi visto até hoje na área de desenvolvimento de vacinas, normalmente um processo demorado e trabalhoso que envolve várias rodadas de testes em animais.

Diante da emergência mundial representada pelo vírus Sars-CoV-2, esses controles mais estritos foram relaxados. Nada disso, porém, é garantia de sucesso, já que calibrar os efeitos de uma vacina sobre o sistema imunológico (de defesa do organismo), para que o fármaco seja capaz de proteger o corpo de forma robusta contra um invasor sem grandes efeitos colaterais, é um processo que sempre envolve muita tentativa e erro.

Veja as vacinas que já estão sendo testadas em humanos.

Vacina de RNA americana

A primeira vacina contra a Covid-19 a ser testada em humanos foi desenvolvida numa parceria entre o governo americano, o Instituto de Pesquisa em Saúde Kaiser Permanente, em Seattle (EUA) e a empresa de biotecnologia Moderna. A imunização se baseia em trechos de RNA (molécula “prima” do DNA) que compõem o material genético do vírus.

O RNA viral da vacina contém a receita para a produção da chamada proteína S (de “spike” ou espícula, o gancho molecular usado pelo Sars-CoV-2 para se conectar às células humanas). Espera-se que, uma vez dentro das células, esse pedaço de RNA seja usado para iniciar a produção da proteína S, a qual, por sua vez, desencadeará uma reação de defesa do organismo. Quando o organismo entrar em contato com o vírus real, a esperança é que ele já esteja com anticorpos prontos para combatê-lo.

Tudo indica que a técnica é relativamente segura, mas resta demonstrar sua eficácia —até hoje, nenhuma vacina de RNA foi liberada para uso comercial. Os testes começaram em 16 de março, na chamada fase 1 (que mede apenas a segurança). A fase 2, que investiga a eficácia mais diretamente, pode começar em poucos meses, se tudo der certo.

A empresa farmacêutica Pfizer anunciou que também quer testar sua própria vacina de RNA contra o coronavírus em seres humanos a partir de agosto de 2020.

Vacina chinesa

Criada pela empresa farmacêutica chinesa CanSino, a vacina experimental começou a ser testada um pouco depois da americana, mas foi a primeira a alcançar a fase 2 dos testes clínicos, começando a recrutar 500 voluntários no dia 15 de abril de 2020.

Usando uma abordagem similar à que havia empregado no desenvolvimento de uma vacina contra o ebola, a CanSino está apostando num patógeno modificado, do grupo dos adenovírus, como vetor.

O adenovírus geneticamente modificado carregará o material genético que contém o código para a produção da proteína S, mais ou menos como no caso da vacina americana de RNA. A diferença é que os vírus conseguem “entregar” ativamente a informação genética da imunização, o que, em tese, pode ser mais eficiente do que o material genético “solto”. Por outro lado, pode haver mais riscos de efeitos colaterais. Há a expectativa de que resultados mais firmes sobre a abordagem apareçam dentro de um ano.

Imunização americana com DNA

A abordagem da empresa de biotecnologia americana Inovio Pharmaceuticals começou a ser testada na fase 1 em 6 de abril de 2020. O método tem muitas semelhanças com a vacina de RNA, com a diferença de que o genoma do vírus, na parte correspondente ao código da proteína S, foi adaptado para uma molécula de DNA.

Para injetar a vacina na pele ou nos músculos dos voluntários, os pesquisadores da empresa usam uma tecnologia que emite um breve pulso elétrico, facilitando a entrada do material genético nas células por meio da abertura de pequenos poros. Até 40 voluntários, recrutados em duas cidades americanas, vão receber o fármaco durante a fase 1.

O objetivo é ter uma vacina para o uso comercial num prazo de 12 meses a 18 meses.

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