A maioria de nós gostaria de ter uma memória melhor. Se ao menos não chegássemos à loja, para comprar três coisas e nos lembrássemos só de duas. Se ao menos não subíssemos até o segundo andar, só para esquecer por que fomos lá. Se ao menos pudéssemos ler informações e memorizá-las facilmente, em vez de tudo desaparecer rapidamente de nossas mentes.
Há muitas técnicas de memória testadas e confiáveis, algumas das quais existem há décadas. Mas o que os cientistas estão investigando agora?
Ande de costas
Pesquisadores da Universidade de Roehampton decidiram explorar a ligação em nossas mentes entre tempo e espaço para encontrar uma maneira de ajudar a nos lembrar melhor dos acontecimentos.
Eles mostraram às pessoas uma lista de palavras, um conjunto de fotos ou um vídeo em que uma mulher tem sua bolsa roubada. As pessoas foram instruídas a andar para frente ou para trás por dez metros em uma sala no tempo, de acordo com um metrônomo, um aparelho usado para marcar um andamento musical. Quando eles foram testados depois sobre o que lembravam do vídeo, das palavras e das imagens, em cada teste, quem caminhou para trás se lembrou mais.
Funcionou até mesmo quando os participantes imaginaram andar para trás, ao invés de fazê-lo fisicamente. Era como se caminhar para trás no espaço encorajasse suas mentes a voltar no tempo e permitisse que as pessoas acessassem suas memórias mais facilmente.
Faça um desenho
Em uma pesquisa feita na Universidade de Waterloo, na Inglaterra, em 2018, um grupo de jovens e idosos recebeu uma lista de palavras para aprender. Metade foi convidada a fazer um desenho de cada uma das palavras, enquanto a outra metade foi instruída a escrever as palavras enquanto as aprendiam.
Mais tarde, as pessoas foram testadas para ver de quantas palavras conseguiam se lembrar. Apesar de algumas palavras serem muito difíceis de desenhar, como “isótopo”, o ato de desenhar fez tanta diferença que os mais velhos se tornaram tão bons quanto os mais jovens em se recordar das palavras. O desenho ajudou até mesmo pessoas com demência.
Quando desenhamos algo, somos forçados a pensar em mais detalhes, e é esse processo profundo que nos torna mais propensos a nos lembrar de algo.
Exercite-se
Sabe-se há algum tempo que exercícios aeróbicos, como corrida, podem melhorar a memória. O exercício físico regular gera um pequeno benefício geral, mas, se você quiser aprender algo específico, uma sessão intensa parece ser a ideal, porque ajuda a absorver novas informações, ao menos no curto prazo, segundo uma pesquisa de cientistas do Canadá e da Dinamarca.
A pesquisa sugere que, com o timing certo, a melhoria de memória pode ser ainda maior. Pessoas que fizeram um treino de 35 minutos quatro horas depois de aprender uma lista de fotos associadas a locais conseguiu se lembrar melhor dos pares do que aqueles que fizeram o exercício imediatamente após.
Não faça nada
Quando as pessoas que tinham amnésia por causa de um derrame receberam uma lista de 15 palavras para memorizar e depois tiveram de fazer outra tarefa, dez minutos depois, elas só conseguiam lembrar de 14% da lista original. Se ficassem em uma sala escura fazendo nada por 15 minutos, sua pontuação subia para 49%, mostrou um estudo da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos.
A mesma técnica tem sido usada desde então em várias pesquisas por Michaela Dewar, da Universidade Herriot Watt, na Escócia. Ela descobriu que, em pessoas saudáveis, uma pequena pausa logo depois de aprender alguma coisa faz diferença no quanto elas podem se lembrar daquilo uma semana depois.
Tire uma soneca
Se caminhar para trás, desenhar, fazer exercícios ou até mesmo fazer uma pausa parece ser muito difícil, que tal tirar uma soneca rápida?
O sono ajuda a consolidar nossas memórias ao reproduzir ou reativar informações que acabamos de aprender. Uma pesquisa da Universidade de Oldemburgo, na Alemanha, descobriram que, quando pessoas recebiam pares de palavras para memorizar, elas podiam se lembrar mais depois de um sono de até 90 minutos em comparação com quem assistiu a um filme.
Mas pesquisas recentes sugerem que essa técnica funciona melhor para pessoas que estão acostumadas a tirar um cochilo à tarde. Isso levou Elizabeth McDevitt e sua equipe da Universidade da Califórnia a se perguntarem se era possível treinar pessoas para tirar uma soneca. Então, por quatro semanas, quem não tinha esse hábito foi para a cama para tirar uma soneca diurna quando podiam.
Infelizmente, para essas pessoas, as sonecas não melhoraram suas memórias. Então, talvez seja necessário um período de treinamento mais longo ou haja algumas pessoas para quem é melhor andar para trás, desenhar, correr ou simplesmente não fazer nada.