Sábado, 12 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 11 de abril de 2025
A síndrome de Cushing é um distúrbio endócrino complexo, frequentemente desconhecido e difícil de diagnosticar, causado por níveis elevados de cortisol no corpo. Esse hormônio esteroide, produzido pelas glândulas suprarrenais, desempenha um papel crucial no controle do estresse, na regulação da pressão arterial, na função cardiovascular, no sistema imunológico e no metabolismo. No entanto, quando produzido em excesso, pode desencadear uma série de sintomas debilitantes e graves.
Tipos
Existem duas formas principais da síndrome de Cushing, que diferem em sua origem. De acordo com a Sociedade Endócrina da América, a síndrome de Cushing exógena é a mais comum e geralmente é temporária. Ocorre em pessoas que tomam medicamentos semelhantes ao cortisol para tratar outras condições. Nesse caso, a síndrome desaparece quando o paciente para de tomar os medicamentos.
Por outro lado, a síndrome de Cushing endógena é menos comum e é causada pela produção excessiva de cortisol pelas glândulas suprarrenais. Esse tipo é mais complexo de diagnosticar e, em muitos casos, tem origem em tumores que secretam hormônios, seja nas glândulas suprarrenais ou na hipófise, glândula localizada na base do cérebro.
Sintomas
O excesso de cortisol afeta cada pessoa de forma diferente, o que significa que os sintomas podem variar significativamente entre os pacientes. Isso complica ainda mais o diagnóstico, pois os sinais podem se sobrepor aos de outras doenças. Os sintomas comuns incluem:
* Ganho de peso, especialmente na parte superior do corpo.
* Rosto redondo e acúmulo de gordura na região do pescoço e ombros.
* Altos níveis de açúcar no sangue (diabetes).
* Hipertensão (pressão alta).
* Perda de densidade óssea (osteoporose).
* Fraqueza muscular e perda de massa muscular.
* Pele fina e propensa a hematomas.
* Estrias vermelhas ou roxas, especialmente no abdômen e nas axilas.
* Depressão, ansiedade e dificuldades cognitivas.
* Excesso de pelos faciais em mulheres.
A variedade desses sintomas pode dificultar o diagnóstico precoce da síndrome, já que ela costuma durar um período considerável, entre dois e quatro anos, segundo a Dra. Felicia Hanzu, coordenadora do Departamento de Neuroendocrinologia da Sociedade Espanhola de Endocrinologia e Nutrição (SEEN). Esse atraso na detecção pode ter um impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes.
Dificuldades no diagnóstico e a importância da detecção precoce
A síndrome de Cushing é uma doença rara, com prevalência entre 2 e 4 casos por milhão de habitantes por ano, segundo dados do SEEN. Além disso, estima-se que a doença de Cushing endógena seja de três a cinco vezes mais comum em mulheres do que em homens. O diagnóstico deste transtorno é complexo devido à heterogeneidade de suas manifestações, o que faz com que cada caso seja único e exija uma abordagem personalizada. Nesse sentido, a Dra. Elena Valassi, endocrinologista do Hospital Universitário Germans Trias i Pujol de Badalona (Barcelona), ressalta a importância de contar com ferramentas adequadas para personalizar o tratamento e melhorar o manejo da doença.
A idade do diagnóstico varia dependendo da causa subjacente. A doença de Cushing, causada por um tumor na glândula pituitária, afeta principalmente mulheres entre 25 e 45 anos.
Por outro lado, os tumores adrenais que secretam cortisol e causam a síndrome de Cushing geralmente se manifestam na primeira década de vida ou, na maioria dos casos, entre os 40 e 50 anos.
O tratamento da síndrome de Cushing depende de sua origem. No caso da síndrome exógena, os sintomas desaparecem quando o paciente para de tomar os medicamentos que causaram o aumento do cortisol.
Para a síndrome endógena, a intervenção inicial é quase sempre cirúrgica, com a remoção do tumor causando a produção excessiva de cortisol. Embora a cirurgia geralmente seja eficaz, alguns pacientes podem precisar de medicamentos para reduzir a produção de cortisol ou radioterapia para destruir as células tumorais restantes. Em casos mais graves, pode ser necessário remover ambas as glândulas suprarrenais para controlar a doença.
Recentemente, houve avanços significativos na melhoria dos testes laboratoriais, na obtenção de imagens funcionais e no surgimento de novos medicamentos que bloqueiam a síntese de cortisol. Esses avanços estão contribuindo para um melhor gerenciamento da doença e uma maior qualidade de vida para os pacientes.
O tratamento adequado e o diagnóstico precoce podem prevenir complicações graves e melhorar significativamente a qualidade de vida de quem sofre da síndrome de Cushing, uma doença que, apesar de rara, continua afetando muitas pessoas no mundo todo. (Com informações do jornal El Tiempo)