Quarta-feira, 12 de março de 2025
Por Redação O Sul | 25 de fevereiro de 2022
Polaris é algo que a gente só via em filme, é algo tão ficção científica que nem dá pra acreditar que está acontecendo. Jared Isaacman, o playboy, bilionário, filantropo e gênio ok, cara bem esperto, que bancou a Inspiration 4, primeira missão orbital privada tripulada, anunciou um programa espacial inteiro.
Dizem que o Espaço modifica a gente. Vários astronautas viraram pastores, ou passaram a se dedicar a atividades filantrópicas, promovendo uma visão bem mais Star Trek da Humanidade. Realmente, a visão do planeta inteiro, entender que todas as pessoas que já viveram, viveram naquela bola azul deve ser algo avassalador.
Jared Isaacman teve a mesma epifania, ele sempre foi entusiasta de espaço, e tem uma força aérea particular com 70 aviões, além de pilotar seu próprio Mig-29, comprado de Paul Allen, finado fundador da Microsoft. Depois da Missão Inspiration 4, ele voltou mudado, ou mais precisamente teve sua visão confirmada.
Ele se tornou investidor e parceiro da SpaceX, com isso os custos dos voos ficam mais em conta.
Estima-se que a Inspiration 4 custou a Jared US$200 milhões, o que daria US$50 milhões por passageiro. Mais barato do que a Nasa paga para a SpaceX, e bem mais barato que os US$90 milhões que os russos estavam cobrando quando eram o único carreto do mercado.
Agora com o Programa Polaris, a SpaceX entra como parceira, reduzindo os custos e aumentando as ambições.
Jared planejou um programa espacial com mais três missões: a primeira, Polaris Dawn, já será bastante ambiciosa, e deve, se tudo der certo, voar até o final de 2022.
Polaris Dawn
O conceito é ampliar as fronteiras do voo tripulado comercial. Pela primeira vez uma cápsula Dragon deixará a órbita baixa terrestre, se aventurando longe no espaço. O objetivo é quebrar o recorde da Gemini XI, que em 1966 orbitou a Terra com um apogeu de 1368 km. Fora as missões Apollo, é o mais distante da Terra que humanos já estiveram.
A Polaris Dawn pretende estudar os efeitos da radiação sob o corpo humano, em elevadas altitudes. Nessa órbita eles cruzarão pelo Cinturão de Van Allen, o que também servirá para testar os sistemas da Dragon e sua proteção contra radiação e campos eletromagnéticos.
Na missão irão Jared Isaacman, como comandante. O piloto será Scott Poteet. Ex-piloto da Força Aérea dos EUA, com mais de 400 horas de vôo em combate, ele é amigo e colaborador de Jared.
Junto irão duas especialistas de missão. Uma delas é Sarah Gillis, que começou na SpaceX como estagiária, e hoje é engenheira-chefe de operações, responsável pelo treinamento de astronautas e certificação no manuseio das cápsulas Dragon.
A outra especialista de missão da Polaris Dawn é Anna Menon. Ela trabalhou 7 anos na Nasa antes de ir para a SpaceX, onde é engenheira-chefe de operações espaciais. Ela coordena a construção das Dragons e também cuida da parte de comunicações.
Anna tem um diploma de Matemática e um mestrado em Ciências na área de Engenharia Biomédica, e embarca na Polaris Dawn como Oficial Médica Chefe. Esperemos que mais como uma doutora Crusher do que uma Pulasky. A Doutora de Orville também tá valendo.
Anna é casada com Anil Menon, Coronel da Força Aérea e candidato a astronauta da Nasa. Ele deixou um emprego na SpaceX para isso, e está no começo de seus dois anos de seu treinamento.
Há um dos objetivos da missão Polaris Dawn que é especialmente ousado: Jared planeja realizar a primeira caminhada espacial em uma missão privada ao espaço.
Isso mesmo: em algum momento eles vão abrir a escotilha, e dois astronautas flutuarão no espaço livres leves e soltos, presos por um cordão umbilical à Dragon.
Isso significa que a SpaceX está desenvolvendo um traje espacial completo. O traje de voo usado nos voos normais da cápsula é feito para manter o astronauta vivo por algum tempo, em caso de despressurização, mas eles não são autônomos, não possuem sistemas de refrigeração nem as juntas são preparadas para um ambiente de vácuo.
Com zero atmosfera, o ar no traje espacial o infla, deixando o traje extremamente rígido. Juntas especiais permitem que os astronautas movam seus membros, mas mesmo assim é algo incômodo e desajeitado. Como a SpaceX planeja resolver esse problema? Ninguém sabe.
Há outro detalhe: A Dragon não tem uma câmara de descompressão. A cápsula não foi projetada para caminhadas espaciais. Então todos os quatro tripulantes da Polaris Dawn terão que usar os trajes espaciais com upgrade, e a cápsula inteira será despressurizada. Enquanto os dois estiverem bundeando no espaço, outros dois ficarão em seus assentos, ou mais provavelmente na escotilha, olhando a Terra e se maravilhando com aquela oportunidade única.
O tempo todo amostras biológicas serão recolhidas, e os astronautas passarão por testes médicos e cognitivos.
Outra parte importante da missão: A Polaris Dawn será equipada com um sistema de comunicação por lasers, que se tudo der certo conseguirá travar nos satélites da constelação Starlink, provendo conexão permanente com excelente largura de banda, ao contrário da Inspiration 4, que só ficava ao alcance da SpaceX por 8% da órbita, mais ou menos. As informações são do site Tecnoblog.