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Por Redação O Sul | 21 de abril de 2020
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (21) que a suspensão temporária na imigração legal ao país ficará em vigor por um período de dois meses. Esse prazo será reavaliado posteriormente, prometeu o republicano.
Trump prometeu na segunda-feira assinar uma ordem executiva para suspender temporariamente a imigração aos EUA. O motivo, disse ele, é a luta contra o novo coronavírus — a quem o presidente chamou de “inimigo invisível” — e a necessidade de proteger os empregos no país.
Em coletiva de imprensa nesta terça, Trump reforçou que avaliará a medida de acordo com os efeitos no emprego e no combate à Covid-19.
“Esta pausa em novas imigrações vai também ajudar a conservar recursos médicos vitais para cidadãos norte-americanos”, disse Trump.
Segundo Trump, a medida não se aplica a pessoas que entram nos Estados Unidos por período temporário — a decisão vale, portanto, a quem tenta residência permanente.
“Seria errado e injusto para os americanos demitidos pelo vírus se eles fossem trocados por força de trabalho imigrante”, justificou Trump.
Nas últimas semanas e após a pandemia, a Casa Branca usou poderes de emergência para suspender as leis que protegem menores de idade e solicitantes de asilo, para que os funcionários da imigração possam deportá-los imediatamente.
Segundo dados oficiais, até o início de abril, os Estados Unidos haviam expulsado mais de 6,3 mil pessoas ao longo de sua fronteira com o México, após a aprovação dos referidos poderes de emergência em 21 de março.
Enquanto isso, o número de travessias ilegais de fronteira diminuiu em meio a restrições de viagens na região, segundo as autoridades de imigração dos EUA.
Em março, 33.937 pessoas foram detidas tentando atravessar a fronteira ilegalmente, uma queda de 2.577 em relação ao mês anterior, segundo o CBP, órgão de imigração americano.
As razões por trás da mudança
Segundo Anthony Zurcher, repórter da BBC nos EUA, “não é segredo que Trump, e vários de seus principais assessores, há muito tempo veem a imigração não como um benefício para a nação, mas como um fator negativo”.
“Há poucas dúvidas de que a proposta, sob qualquer forma que seja, vai gerar forte oposição de grupos pró-imigrantes, alguns com interesses comerciais, e dos adversários ideológicos do presidente”, diz Zurcher.
Ele lembra que há quatro anos, durante a corrida presidencial dos EUA, Trump fez campanha usando um discurso agressivo anti-imigração, que incluía uma proibição completa, embora temporária, de todos os muçulmanos de entrar no país.
“Agora, com uma batalha difícil pela reeleição, o presidente americano encontrou uma técnica de combate semelhante”, assinala Zurcher.
No entanto, ele lembra que os “esforços de Donald Trump para governar via redes sociais sempre devem ser tomados com um pouco de desconfiança”.
“Detalhes de sua proibição temporária de toda imigração, anunciada algumas horas antes da meia-noite de segunda-feira, lançarão uma luz considerável sobre a extensão e a legalidade de suas ações”, conclui Zurcher.
O anúncio de Trump ocorre quando a Casa Branca diz que o pior da pandemia já passou e os Estados Unidos podem começar sua reabertura. As restrições à movimentação de pessoas, implementadas por muitos Estados para conter a propagação do vírus, paralisaram partes da economia. As informações são do portal de notícias G1 e da BBC News.