Quarta-feira, 04 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 21 de setembro de 2015
As fotos de “selfie” no Instagram ou no Facebook exibem a barriga “negativa”, conquistada por meio de dieta balanceada, aliada à dura rotina de exercícios. Receitas de sucos, saladas e carnes brancas também têm espaço nas redes sociais, bem como séries de musculação, pilates e movimentos da ioga. Um “empurrãozinho” da tecnologia bastou para transformar pessoas comuns, que decidiram levar uma vida mais saudável, em novas celebridades e quase “gurus” do mundo fitness na internet. Mas especialistas alertam: montar uma rotina apenas com base nas informações da internet pode causar sérios problemas à saúde.
“É possível, sim, se orientar pela internet. Dá para encontrar uma imensa variedade de receitas para melhorar a dieta e aumentar as opções para ter uma alimentação saudável. O problema é que as pessoas acabam pecando por alguns excessos”, declara a nutricionista Vanda Tatiana Aquino. Uma das preocupações é a moda da “dieta da proteína”, cuja promessa é queimar calorias e fornecer a chamada “massa magra”. “O consumo excessivo de proteínas pode acarretar problemas nos rins, no fígado e na corrente sanguínea. Muita gente vai parar no hospital porque cortou todo o fornecimento de energia do corpo”, explica.
Isso sem contar as falhas cometidas por quem cria a própria rotina de exercícios. Problemas na coluna, ligamentos rompidos e inflamações estão entre os resultados comuns da prática de esportes sem o acompanhamento profissional, segundo Vanda. “Cada pessoa tem um peso, uma altura, uma estrutura física e um estilo de vida diferentes. O profissional tem o papel de adequar a dieta às necessidades do paciente, e a internet entra como aliada”, opinou a nutricionista.
Para a psicóloga Arailu Arenas, o maior problema é a falta de maturidade no uso das redes. “A internet é terra de ninguém. Se o usuário souber tirar o que é bom, ótimo. O problema é quando a pessoa entra na fixação de copiar exatamente como o ‘ídolo’ faz. Há portais que exaltam a anorexia e a bulimia, que são distúrbios alimentares bem graves”, explicou. A psicóloga alerta também para as consequências da padronização da beleza. “Nem todo mundo vai malhar, comer bem e ter o corpo dos sonhos. É uma questão de genética. O acompanhamento profissional é importante para que o paciente não se despersonalize”, acrescentou.
Vanda alerta para os principais problemas decorrentes de uma dieta hiperproteica. Segundo ela, ao contrário do que muitos acreditam, o excesso de proteínas também pode causar aumento no colesterol. “Se houver uma quantidade alta do nutriente na circulação, a proteína é armazenada na forma de gordura, contribuindo para o desenvolvimento de doenças cardíacas”, diz.
O consumo elevado de proteínas também pode sobrecarregar os órgãos, gerando acúmulo de gordura no fígado e insuficiência renal, além de provocar aumento da excreção de cálcio, favorecendo o desenvolvimento da osteoporose. Por períodos prolongados, a dieta também pode causar cansaço físico e mental, além de dores de cabeça. (AD)