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Economia Considerado o maior investidor do mundo, o bilionário Warren Buffet está vendendo suas ações e o mercado quer saber o que isso significa

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Alguns acreditam que ele está apenas se mantendo fiel à sua filosofia de investimento, afinal, Buffett não especula. (Foto: Reprodução)

Warren Buffett, considerado o maior investidor do mundo, nunca esteve tão conservador nos seus negócios. No terceiro trimestre deste ano, sua holding, a Berkshire Hathaway, vendeu mais ações do que comprou pelo oitavo trimestre consecutivo, em operações que somaram mais de US$ 34 bilhões (R$ 197,2 bilhões).

“Quando ele vende, isso geralmente se deve a três motivos principais: perda de fundamento, preço excessivamente alto e custo de oportunidade.” Daniel Heizer Analista da Suno

Na prática, o conglomerado liderado pelo megainvestidor nunca esteve tão líquido. Após as vendas, o caixa da Berkshire Hathaway passou a representar 28% dos ativos totais da empresa, patamar mais elevado desde a década de 1990, totalizando US$ 325,2 bilhões. Toda essa movimentação gera especulações no mercado. Estaria o “oráculo de Omaha” – uma referência aos bons resultados decorrentes de seus investimentos e também à cidade onde nasceu, nos EUA – prevendo uma nova tendência de baixa para o mercado?

Alguns acreditam que ele está apenas se mantendo fiel à sua filosofia de investimento, afinal, Buffett não especula. Ele compra quando está barato, e vende quando está caro. É bom lembrar que a Bolsa dos EUA dita tendências globais, influenciando diretamente mercados ao redor do mundo, inclusive o brasileiro.

Maior cautela

Paula Zogbi, gerente de research e head de conteúdo da Nomad, avalia que as mudanças de Buffett refletem uma maior cautela em relação à precificação dos ativos, e não significaria, necessariamente, recessão ou mercado em baixa. “Em algumas declarações, ele já deixou claro que tem achado mais difícil encontrar oportunidades na Bolsa, especialmente em um momento de juros altos, em que sua posição em caixa traz algum rendimento”, diz Zogbi. O movimento poderia indicar ainda a realização de bons lucros acumulados.

Um exemplo disso é o negócio com os papéis do Nubank. A Berkshire investiu na oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) do banco brasileiro em Nova York no quarto trimestre de 2021. Na época, adquiriu 107.118.784 ações a um custo médio estimado pelo mercado entre US$ 8,36 e US$ 9,38 por ação. Assim, um investimento avaliado em mais de US$ 1 bilhão.

Já no terceiro trimestre deste ano, a Berkshire reduziu sua participação em 19,31%, vendendo 20.679.787 ações a um preço estimado em US$ 13,65, gerando aproximadamente US$ 282 milhões de caixa. Essa realização parcial teria representado um lucro entre 45% e 63%.

A Nu Holding não foi a única empresa do setor financeiro em que Buffet reduziu sua posição. O Bank of America foi uma das principais vendas da carteira, com uma redução de 22,77% na participação do megainvestidor – porcentual muito próximo ao do corte em ações da Apple (de 25%).

Em relatório a clientes, o estrategista-chefe da XP, Paulo Gitz, reforçou que o movimento de venda da Apple foi totalmente pragmático. “Em maio, ele (Buffett) deu a entender que a venda ocorreu por razões fiscais, devido ao risco de aumento de impostos em ganhos de capital por um governo que deseja cobrir um déficit fiscal crescente”, lembrou. Na prática, ele teria se antecipado para pagar menos tributos – uma discussão que ganhava força naquele momento entre os democratas em relação às grandes companhias.

A Apple e o BofA ainda continuam entre as maiores participações da Berkshire. Buffett mantém mais de 26% de seu portfólio em ações da fabricante do iPhone e quase 12% em papéis do BofA.

É possível acompanhar a carteira de Buffett por meio do chamado Formulário 13F-HR da Berkshire Hathaway. O documento é uma exigência da SEC (o equivalente à Comissão de Valores Mobiliários brasileira) para dar transparência às participações acionárias dos grandes gestores de investimentos.

“Não acreditamos que Buffett esteja prevendo uma recessão. Esse não é o seu perfil”, diz Daniel Heizer, analista de ações internacionais da Suno. O especialista lembra que o megainvestidor é conhecido por ser guiado pelos fundamentos das empresas e pela avaliação de valor, evitando previsões sobre o mercado ou a economia. “Quando ele vende, isso geralmente se deve a três motivos principais: perda de fundamento, preço excessivamente alto e custo de oportunidade.”

Heizer reconhece, no entanto, que as vendas recentes levantam questionamentos e que o fato de o maior investidor do mundo não achar tantas oportunidades (de compra) quer dizer que tem bastante ativo caro por aí. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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