Quarta-feira, 09 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 18 de novembro de 2015
O ecstasy de hoje já não é mais o mesmo de antigamente. A presença cada vez maior de novos compostos sintéticos que imitam a ação da molécula MDMA, a molécula “original”, está deixando os especialistas preocupados. O GDS (Global Drug Survey), estudo global que detecta tendências e comportamentos no uso de drogas, mostrou que, na edição de 2015, 0,9% dos usuários da droga tiveram complicações médicas e foram internados. Em 2013, esse valor era de 0,3%.
A pesquisa, que no Brasil foi coordenada pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), teve 102 mil participantes no mundo e 5.624 no País. A maior parte da amostragem era jovem e usuária de drogas. “As pílulas de ecstasy muitas vezes são uma salada com mais de 30 componentes que ainda nem tem nome”, afirma a professora da Unifesp Clarice Madruga, responsável pelo GDS no Brasil.
Essas moléculas, diz Clarice, geram fissura (vontade de usar novamente), são neurotóxicas e são fáceis de sintetizar. “São feitas em qualquer fundo de quintal”. Já o MDMA, sigla para metilenodioximetanfetamina, é uma molécula mais segura e difícil de fazer fora de um laboratório equipado. Apesar de ser ilícita, ela vem sendo testada para tratar estresse pós-traumático e como linha auxiliar de psicoterapia para quem não responde aos tratamentos convencionais.
Entre as outras moléculas estão a mefedrona e a PMA (parametoxianfetamina), também sintéticas, que possuem efeitos colaterais acentuados – como mal súbito e desmaios. O psicólogo especialista em redução de danos Bruno Logan conta já ter atendido usuários que foram enganados na escolha da droga: “As pessoas entendiam que era ecstasy porque era vendido assim e só perceberam que não era depois dos efeitos”.
O preço do ecstasy “pirata” é mais baixo. “Essas outras substâncias acabam saindo muito mais barato. O lucro do tráfico é maior, mas o usuário acaba prejudicado”, diz Logan. Um comprimido de ecstasy custa em torno de 35 reais, enquanto um “pirata” chega a ser vendido por metade desse valor. (Folhapress)