Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de outubro de 2020
A conclusão é de um estudo feito pela USP
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilAs primeiras análises de um dos maiores estudos em alimentação e saúde do Brasil mostraram um aumento generalizado na frequência de consumo de frutas, hortaliças e feijão (de 40,2% para 44,6%) durante a pandemia de Covid-19.
Ao mesmo tempo, a pesquisa indicou que, nas regiões Norte e Nordeste e entre pessoas de escolaridade mais baixa, houve aumento no consumo de alimentos ultraprocessados – produtos industrializados que contêm adição de muitos ingredientes, como açúcares, sais, adoçantes, corantes, aromatizantes e conservantes.
Para os pesquisadores do NutriNet Brasil, estudo feito pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP (Universidade de São Paulo), os resultados sugerem desigualdades sociais na resposta do comportamento alimentar à pandemia.
Para essa análise, o NutriNet Brasil aplicou o mesmo questionário alimentar em dois momentos: entre 26 de janeiro e 15 de fevereiro (antes da pandemia) e entre 10 e 19 de maio (durante a pandemia). Foi questionado o consumo de uma série de alimentos no dia anterior ao preenchimento do formulário. A amostra é representada, em sua maioria, por adultos de 18 a 39 anos (51,1%), mulheres (78%), residentes da região Sudeste do Brasil (61%) e com nível de escolaridade superior a 12 anos de estudo (85,1%).
O coordenador do NutriNet Brasil, professor Carlos Monteiro, ressaltou que o aumento do consumo dos ultraprocessados pode ser resultado da intensificação da publicidade nesse período e que esse tipo de produto favorece doenças crônicas que aumentam a letalidade da Covid-19. Já o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados fortalece os mecanismos de defesa do organismo.
“A mudança positiva no comportamento alimentar poderia ser explicada por alguns fatores. As novas configurações causadas pela pandemia na rotina das pessoas podem ter as estimulado a cozinharem mais e a consumirem mais refeições dentro de casa. Além disso, uma eventual preocupação em melhorar a alimentação e, consequentemente, as defesas imunológicas do organismo poderia ser considerada”, disse o professor.