Donos de postos de combustíveis aguardam a chegada de novos estoques para definir os preços da gasolina e do diesel, após o aumento anunciado na quarta-feira (18) pela Petrobras. O reajuste nas refinarias passou a valer na quinta (19). O consumo de gasolina no País é o menor desde 2012.
Ao comparar janeiro a julho com o mesmo período de 2018, a queda é de 4,5%. E olha que o preço da gasolina vinha caindo desde junho. Em agosto chegou ao segundo menor patamar de 2019.
Apesar da queda no consumo de gasolina, o consumo de combustíveis de forma geral no Brasil voltou a crescer. Em 2019, o aumento foi de quase 4%. Este impulso veio principalmente do etanol, o maior concorrente da gasolina. As vendas bateram recorde: alta de 30% em relação a 2018.
“Eu acredito que, uma vez que o etanol continue sendo mais vantajoso, ele vai continuar crescendo. E a frota de carro flex é uma frota muito grande e permite ao consumidor escolher o melhor produto que cabe no seu bolso”, explicou Maria Aparecida Schneider, vice-presidente da Federação Nacional de Combustíveis.
O preço da gasolina está atrelado ao mercado internacional e o preço do barril do petróleo ainda está bem acima da cotação da sexta-feira (13), antes dos ataques nas refinarias da Arábia Saudita.
“Nós estamos num momento de volatilidade, significa que o preço pode subir mais ou pode cair com uma certa velocidade, num cenário que o preço volte a cair, pode haver espaço para que a Petrobras, mantendo a política de alinhamento, esse alinhamento vale para os dois lados, para subir ou para cair, deveria ser assim”, explica Edmar Almeida, professor da UFRJ e especialista em energia.
Casos de furto de combustível em dutos
Nos últimos cinco anos, a Petrobras vem enfrentando uma investigação épica de corrupção, uma recessão incapacitante e preços instáveis do petróleo. Agora, a estatal se vê diante de outro desafio: ladrões estão roubando milhões de dólares em combustível para vender em um próspero mercado negro.
Os casos de furto de combustíveis a partir de dutos da Petrobras bateram recorde no ano passado, com 261 incidentes registrados nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo – em 2014 foi apenas um caso e, em 2016, foram 72 .
A maioria desses furtos, segundo a polícia, é obra de sofisticados grupos criminosos, alguns com caminhões próprios, empresas de distribuição e até postos de gasolina no varejo.
“São criaturas criativas”, disse Julio da Silva Filho, chefe de uma unidade policial do Rio que investiga o roubo de petróleo.
O crime custa à subsidiária de distribuição da Petrobras, a Transpetro, mais de R$ 150 milhões por ano, afirmou o presidente-executivo da Petrobras, Roberto Castello Branco, em um evento em junho.
As supostas perdas são pequenas em comparação com as do México, onde gangues de criminosos se infiltraram nos negócios de petróleo em grande medida. O roubo de combustível custa à Pemex estatal mais de US$ 3 bilhões anualmente, segundo dados da empresa.
Mas eliminar os problemas do Brasil cedo, disse Silva, será crucial para impedir que os criminosos se entrincheirem na indústria do petróleo. “Estamos trabalhando exatamente para impedir que o Brasil se transforme no México”, disse ele.
A Transpetro criou um programa para reunir informações sobre grupos criminosos e está gastando R$ 100 milhões por ano para financiá-lo, de acordo com uma fonte de alto escalão da empresa, que pediu anonimato para evitar retaliação por parte dos grupos do crime organizado.
Agora, cerca de 50 funcionários estão estudando a questão, incluindo o rastreamento dos padrões e métodos dos ladrões de petróleo, e compartilhando essas descobertas com a polícia, disse a fonte. A empresa, que não respondeu a um pedido de comentário, também criou uma linha direta para o público denunciar roubo de combustível.
Alguns investidores estrangeiros também estão reforçando a segurança. Eles incluem a TAG, uma unidade de oleodutos que a francesa Engie SA comprou da Petrobras por US$ 8,6 bilhões em abril.
A empresa disse à Reuters em comunicado que está trabalhando com a Transpetro, cujos oleodutos costumam passar ao lado dos tubos da TAG, para aumentar as patrulhas a pé e reforçar as barreiras físicas, entre outras medidas.
“Esse fenômeno está se tornando muito organizado”, disse Emmanuel Delfosse, diretor operacional da TAG. “É difícil ir atrás dessas pessoas.”