Quinta-feira, 19 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de fevereiro de 2023
Um novo estudo realizado com estudantes universitários franceses encontrou uma associação entre o consumo da cannabis recreativa, popularmente conhecida como maconha, e um aumento de em média 45% nas queixas de insônia. O trabalho, publicado na revista científica Psychiatry Research, destaca que as reclamações chegaram a ser duas vezes mais frequentes entre aqueles que utilizavam a droga diariamente.
O estudo foi conduzido por pesquisadores do Centro de Pesquisa em Saúde da População, da Universidade de Bordeaux, e do Centro de Pesquisa em Epidemiologia e Estatística, da Universidade Paris Cité, ambos na França. Eles explicam que, embora seja ilegal no país, o consumo da cannabis é comum entre jovens adultos, citando estimativas recentes que apontam que 13,9% utilizam mensalmente, e 4%, todos os dias.
Para avaliar esse impacto no sono, eles realizaram pesquisas com 14,8 mil estudantes, de em média 20 anos, que participavam do i-Share – um amplo trabalho que, desde 2013, recruta alunos das Universidades de Bordeaux, Versailles e Nice para estudos sobre a saúde dos jovens franceses.
Eles foram divididos em quatro grupos: os que não consumiam maconha, ou o faziam raramente (73,6% do total); os que utilizavam a droga mensalmente (20,5%); os cuja frequência de uso era semanal (4,4%) e, por fim, aqueles que todos os dias faziam consumo da substância (1,5%).
No geral, 22,7% de todos universitários sofriam de insônia, ou seja, quase 3 a cada 10. Entre os grupos, a prevalência aumentou simultaneamente ao uso da maconha, de 22,3%, entre aqueles que raramente ou nunca consumiam a droga, até 41%, entre os usuários diários, mais de 4 a cada 10.
Quando comparados todos os usuários, independentemente da frequência, em relação àqueles que não consumiam a substância, foi observado o aumento significativo na probabilidade de alguém que usa maconha relatar o distúrbio do sono.
“Nesta grande amostra de estudantes universitários, descobrimos que a probabilidade de ter insônia era 45% maior em usuários de cannabis em comparação com não usuários. As estimativas aumentaram de forma constante com a frequência de uso, atingindo uma probabilidade 2,0 vezes maior de insônia em usuários diários em comparação com usuários nunca/raramente”, resumem os pesquisadores no estudo.
Eles destacam que esse risco elevado foi constatado “após ajuste para características sociodemográficas e comportamentos de saúde”, e que foi observado “independentemente de histórico de ansiedade ou depressão”. O ponto é importante, uma vez que transtornos de saúde mental são diagnósticos com forte associação a quadros de insônia.
Porém, eles não influenciaram os resultados, já que a maior probabilidade de se queixar de insônia entre os usuários de cannabis foi vista mesmo entre aqueles que não tinham questões de saúde mental.
Apesar disso, os pesquisadores destacam que quase 14% dos estudantes tinham um histórico de ansiedade, e 12% de depressão, e que eles de fato utilizavam mais a droga do que a média geral.
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