As contas de luz terão bandeira vermelha no mês de agosto. A decisão foi anunciada ontem pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Com a bandeira vermelha, a tarifa de energia terá cobrança adicional no mês que vem, de R$ 3 a cada 100 kWh (Quilowatt-hora) consumidos.
O sistema de bandeiras é atualizado mensalmente pelo órgão regulador, que avalia o preço da energia, o volume de chuvas e a situação dos reservatórios das hidrelétricas em todo o País para tomar uma decisão.
De acordo com a Aneel, houve necessidade de aumento dos gastos de geração de energia previstos para agosto. O custo da usina termelétrica mais cara a ser acionada no mês que vem será de R$ 513,51 por MWh (Megawatt-hora) – a usina termelétrica Bahia 1.
O primeiro patamar da bandeira vermelha é acionado quando a energia fica acima de R$ 422,56 por Mwh. “Como o sinal para o consumo é vermelho, os consumidores devem intensificar o uso eficiente de energia elétrica e combater os desperdícios”, afirmou a Aneel.
No mês de julho, vigorou a bandeira amarela, que adiciona R$ 2 a cada 100 kWh consumidos. Em junho, foi acionada a bandeira verde, que não traz custo adicional ao consumidor.
A mudança de bandeira já era esperada por especialistas em energia e por economistas, devido à piora nas condições hidrológicas durante o período seco em todo o País.
Para a consultora sênior da Thymos Energia, Daniela Souza, a quantidade de chuvas que chegam aos reservatórios das hidrelétricas foi menor do que se esperava, principalmente no Sudeste. No fim de agosto, a expectativa é que haja chuvas mais intensas no Sul. A previsão da Thymos é que a bandeira continue vermelha até setembro, mas volte ao nível amarelo em outubro.
Carga de energia
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) prevê que a carga de energia para o mês que vem no SIN (Sistema Interligado Nacional) é de 64.392 MW médios, o que corresponde a um aumento de 1,9% em relação ao registrado em agosto do ano passado.
O subsistema Sudeste/Centro-Oeste, principal centro de carga do País, deve registrar uma carga de 37.356 MW médios, 1,1% maior frente o anotado na mesma etapa de 2016, enquanto no Sul a previsão é de 10.919 MW médios, alta de 4,1%. No Nordeste, a projeção aponta aumento de 1,9%, aos 10.341 MW médios, enquanto para o Norte a expectativa é de elevação de 3,4%, com 5.776 MW médios.
A bandeira vermelha deve elevar a inflação em 0,07 ponto percentual em agosto. Será mais uma contribuição inflacionária em um mês que será fortemente influenciado pelo aumento dos impostos sobre combustíveis, afirmou o economista Leonardo França Costa, da Rosemberg Associados.
Com isso, a expectativa da Rosemberg para a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em agosto saiu de 0,52% para 0,59%. “Vamos aguardar para ver se a bandeira vermelha vai vigorar durante todo o ano e como ficarão as previsões para chuvas”, disse Costa.
Como a alteração da bandeira já era esperada, o economista manteve a expectativa de 3,4% para o IPCA de 2017, perto do piso da meta, que é de 3%. A projeção já leva em consideração o impacto de cerca de 0,50 ponto percentual previsto da elevação da alíquota de PIS/Cofins sobre combustíveis anunciada no último dia 20. (AE)