Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 2 de agosto de 2017
Alerta vermelho para os pais que deixam filhos pequenos assistirem a desenhos e vídeos no YouTube: criadores mal-intencionados estão disseminando vídeos supostamente infantis, mas que escondem conteúdos explicitamente violentos e sexuais, incluindo cenas com agulhas, insetos, abuso, espancamento, aborto, escatologia e outros temas inapropriados para crianças. O fenômeno foi batizado por internautas de ‘Elsagate’ – em alusão à famosa personagem Elsa, da animação Frozen, da Disney; e ao escândalo político Watergate.
Alguns vídeos são animações que imitam personagens infantis icônicos, como super-heróis, princesas e outras criaturas. Outros são filmagens ‘live action’, ou seja, atores – adultos e crianças – fantasiados como os personagens. Os vídeos estão no YouTube sem censura e são marcados por palavras-chaves infantis.
Dessa forma, uma criança que entra para assistir um desenho normal pode acabar sendo levada a estes vídeos através da reprodução automática do site, que procura vídeos relacionados através das palavras-chave. Como o conteúdo vem disfarçado de infantil, os responsáveis pela criança podem não perceber o que está acontecendo logo de cara.
A estudante Jessica Luiza, 21 anos, se assustou ao ver uma postagem alertando sobre o perigo, e reconheceu um dos vídeos – seu irmão de 3 anos vinha assistindo esses conteúdos. “Ele vai para o YouTube toda noite quando chega da escola. Volta e meia canta as músicas e pede para ver esses vídeos bizarros. Ele já chegou a tentar imitar, querer bater, assim como viu nos vídeos. E nossa mãe nunca havia percebido”, relatou.
Segundo Elaine Vidal, que é coordenadora de graduação em Comunicação do Ibmec e leciona Criação e Produção para Mídias Digitais na UFRJ, ao plagiar personagens patenteados, os vídeos violam direitos autorais e deveriam ser tirados do ar. Outro aspecto alarmante é que os vídeos não são monetizados – ou seja, as visualizações não geram receita para o autor –, e são muito bem produzidos, o que costuma custar caro. “É bem provável que haja relação com redes online de pedofilia”, afirma Elaine. (AD)