O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump confrontou o juiz de uma audiência que participou em Nova York, nesta quinta-feira (11). Trump falou durante a sessão de alegações finais do caso em que é acusado de inflacionar o valor de seus ativos imobiliários.
O juiz Arthur Engoron falava com a defesa quando foi interrompido pelo réu.
“Temos uma situação em que sou um homem inocente”, disse Trump. “Estou sendo perseguido por alguém que está concorrendo a um cargo público.”
De acordo com Trump, a acusação é uma estratégia de Letitia James, procuradora-geral de Nova York que moveu a ação, para ganhar simpatia do público. O ex-presidente também alega que o juiz está contra ele.
“Isso é uma fraude contra mim. O que aconteceu aqui, senhor, é uma fraude contra mim”, disse Trump. “Sei que isso [o processo] é entediante para você”, afirmou ele se dirigindo a Engoron.
Em resposta, o juiz falou com o advogado do réu: “Controle seu cliente”. A defesa de Trump chegou a pedir para que o próprio ex-presidente apresentasse as alegações finais do processo, mas o pedido foi negado depois que os advogados perderam o prazo para chegar a um acordo sobre as regras básicas da fala.
As condições impostas por Engoron tinham o intuito de garantir que o ex-presidente não usaria seus comentários finais para “fazer um discurso de campanha” ou para atacar as autoridades envolvidas no caso.
Ameaça de bomba
Horas antes da audiência, Engoron sofreu uma ameaça de bomba, segundo a polícia de Nova York. Os oficiais foram à casa do juiz e investigaram o local, mas nada foi encontrado. As autoridades acreditam que a denúncia foi um trote e disseram que ninguém ficou ferido.
Engoron vem sendo alvo de críticas e ataques virtuais por parte do próprio Trump e de seus apoiadores. Na quarta-feira (10), via redes sociais, o ex-presidente acusou o magistrado de colaborar com a procuradora-geral de NY para prejudicá-lo.
O processo
Este é um dos quatro casos nos quais Trump, favorito entre os republicanos para as eleições presidenciais de 2024, é réu atualmente nos Estados Unidos. A ação movida pela procuradora-geral de Nova York, Letitia James, acusa Trump e as empresas da sua família de manipularem valores de ativos imobiliários para enganar credores e seguradoras e embelezar a reputação de Trump como um empresário de sucesso.
O julgamento ganhou mais importância no fim de setembro, quando o juiz Arthur Engoron, que preside a sessão, decidiu que a “fraude contínua” foi comprovada.
Segundo Engoron, o gabinete da Procuradoria-Geral do estado de Nova York já tinha provado que Donald Trump e os diretores do seu grupo haviam “supervalorizado” os seus ativos entre US$ 812 milhões e US$ 2,2 bilhões entre 2014 e 2021 (cerca de R$ 2,1 bilhões e R$ 12,2 bilhões).
Como o processo é civil e não criminal, Trump não pode ser preso, mas uma condenação pode ter grandes impactos monetários. O ex-presidente pode ser impedido de fazer negócios na cidade e o julgamento coloca em risco o império imobiliário que Trump construiu em Nova York.