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Política Controle sobre recursos milionários do dinheiro público é pano de fundo de racha em eleição no PT

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Com histórico de escândalos, cargo de tesoureiro do PT é o ponto central de racha na eleição interna. (Foto: Reprodução)

Dividida pela escolha do novo presidente do PT, a Construindo um Novo Brasil (CNB), corrente majoritária do partido, mergulhou em uma disputa pelo controle das finanças da sigla, que envolve um fundo partidário estimado em R$ 145 milhões este ano, o Fundo Eleitoral do próximo ano (em 2024 foi de R$ 619,8 milhões) e uma “malha fina” para inadimplentes. Considerado o nome favorito de Lula para comandar o PT, o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva já sinalizou que pretende substituir a atual tesoureira, Gleide Andrade.

Membros de ambas as alas reconhecem a importância da tesouraria: enquanto os aliados de Edinho afirmam que ele deve ter a prerrogativa de escolher o ocupante do cargo, da mesma forma que a ex-presidente do PT Gleisi Hoffmann fez com Gleide, opositores acusam o ex-prefeito de querer “vencer no grito”.

“É óbvio que a tesouraria é um elemento de poder, isso é a lógica da política. Ele (Edinho) não tem força interna e quer controlar o poder interno?”, disse o vice-presidente do PT, Washington Quaquá, que se opõe ao nome de Edinho.

Pendências

Em meio ao fogo cruzado, Edinho foi um dos nomes que entraram na mira de uma resolução assinada por Gleide na semana passada, que obriga filiados a regularizarem pendências financeiras com o partido, sob pena de serem excluídos das eleições internas.

O estatuto do PT exige que todos os membros que ocupam cargos eletivos contribuam com parte de seus salários. As alíquotas variam de 4% a 13%. Nas últimas duas prestações de contas disponíveis do PT, de 2022 e 2023, não constam pagamentos de Edinho. Antes, ele havia transferido R$ 2,3 mil para o partido em 2021. Na época, ele já era prefeito de Araraquara, com um salário de R$ 19,5 mil — para essa faixa salarial, o PT prevê transferências mensais para o partido de 7% dos vencimentos.

Edinho disse em nota que “está em dia com suas contribuições partidárias” e afirmou que “qualquer informação diferente não é verídica”. Ele não respondeu se fez algum acordo em 2024 para quitar valores pendentes e qual foi seu desembolso; o PT prevê descontos de 30% para pagamentos à vista.

Embora a resolução com a “malha fina” seja costumeira nas eleições do PT, o prazo para regularização expira mais cedo este ano, no final de maio. A última vez que o PT realizou o seu processo de eleição direta (PED) para a presidência nacional, em 2019, o prazo foi até agosto. A própria realização do PED, tradicionalmente no final do ano, foi antecipada para julho.

A norma assinada por Gleide pode alcançar outros filiados e até aliados; a última contribuição de Gleisi, por exemplo, foi de R$ 4 mil em janeiro de 2021. O tema causa desgaste, porém, especialmente para Edinho, já que ele é o único entre os candidatos à presidência do PT que não contribuiu no período recente.

Outros nomes, como o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE), e o deputado Rui Falcão (SP) — que não se colocam formalmente como candidatos, mas são listados — fizeram pagamentos em todos os anos desde 2020. Além deles, os líderes do PT Valter Pomar e Romênio Pereira, membros de correntes mais à esquerda do PT e já lançados como candidatos, também contribuíram, de acordo com as contas do partido.

Nas últimas décadas, todos os tesoureiros do PT foram indicados pela CNB, a corrente majoritária do partido. Três deles — Delúbio Soares, Paulo Ferreira e João Vaccari Neto — foram alvos de investigações no mensalão ou na Operação Lava-Jato, mas depois reverteram as condenações e ensaiaram retornar às atividades partidárias. O antecessor da atual tesoureira foi Márcio Macêdo, hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Em 2022, ele foi coordenador de finanças da campanha de Lula.

Gleide assumiu a Tesouraria após a reeleição de Gleisi à frente do PT em 2019, e permaneceu lá em 2023, quando o partido decidiu prorrogar os mandatos dos dirigentes em vez de realizar uma nova eleição. Antes disso, ela havia sido Secretária Nacional de Organização após a primeira eleição de Gleisi em 2017.

Como parte de todos os executivos do PT desde 2013, Gleide seria proibida pelo estatuto do PT de continuar no topo do partido — o documento torna “inelegíveis” membros que ocupem o mesmo cargo por mais de três mandatos consecutivos, ou que permaneçam no mesmo cargo por dois mandatos. A resolução do PED de 2025, no entanto, estabeleceu que esse dispositivo não será aplicado na eleição deste ano e será “debatido e atualizado” no próximo Congresso do PT, ainda sem data. A mudança, que poderia beneficiar outros dirigentes, foi vista no PT como uma manobra para que Gleide continue à frente da Tesouraria.

Gleide também foi tesoureira do PT em Minas Gerais. Em 2023, foi nomeada conselheira da Itaipu Binacional por Lula, com uma remuneração estimada de R$ 34 mil. (As informações são do jornal O Globo)

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