O retorno de Neymar à Seleção Brasileira é, sem dúvidas, a principal notícia da convocação feita pelo técnico Dorival Júnior para os jogos contra Colômbia e Argentina, dias 20 e 25 de março, pelas Eliminatórias. Mas não é a única novidade. A lista mostra uma aposta – ao mesmo tempo bem-vinda e arriscada – num time muito versátil.
Assim que revelada, a relação chamou a atenção pela quantidade de laterais e de centroavantes. Para a primeira função, Dorival chamou apenas três jogadores: Wesley, do Flamengo, pela direita; e Vanderson (Monaco-FRA) e Guilherme Arana (Atlético-MG) pela esquerda. Isso significa que ele segue apostando na capacidade de Danilo, que se transferiu para o Flamengo como zagueiro, em dar conta também do corredor direito.
Na frente, foi ainda mais ousado. De todos os convocados, apenas João Pedro pode ser considerado um centroavante. Mas o jogador do Brighton-ING não chega como provável titular. O que deixa evidente que Dorival irá apostar num ataque com uma espécie de falso 9. Dos convocados, Neymar e Matheus Cunha são os mais familiarizados com esta função. Além disso, Vini Jr e Rodrygo já atuaram mais centralizados tanto com a Amarelinha quanto pelo Real Madrid.
Levando em consideração que Raphinha, Rodrygo, Vini Jr e Neymar devem formar o quarteto ofensivo, é possível que caiba a um dos dois últimos (ou aos dois) ser o jogador que ataque os espaços. Dorival já deixou bem claro que todos terão bastante liberdade para isso.
“Eu quero uma equipe com mobilidade, sem muito uma situação em que não fiquemos posicionais. Para mim isso seria fundamental. Independentemente dos nomes que forem a campo, podem ter certeza que nós teremos homens de definição. Até porque todos esses atacantes aqui são jogadores que sabem fazer gols, que têm esse perfil, que têm essa condição, essa qualidade. E nós precisamos apenas a mudança de um comportamento: atacarmos o espaço. Isso é fundamental”, defendeu.
A questão é que essa dinâmica pretendida esbarra no fato de ser um trabalho ainda em desenvolvimento. E isso tendo apenas três dias de treino antes de cada partida.
“O que eu quero é liberdade de movimentações. Com obrigações, naturalmente, a partir do momento que nós não termos bola. Com a participação desses elementos, marcando, nós teremos condições de, com bola, criarmos possibilidades pela capacidade de desenvolvimento que essa equipe possui.”
Dorival parece se ancorar nos poucos passos que de fato foram dados desde que assumiu o comando da seleção e no retorno de Neymar. Ainda que longe de sua melhor forma, o atacante possui muita técnica e vem demonstrando no Santos ainda ser capaz de ser o eixo do time.
Neste caso, aliás, a aposta de Dorival é que a seleção possa ser parte da recuperação da boa fase de Neymar. E, assim, um ajude o outro a crescer.
“O momento que ele vive é um processo de recuperação. Nós temos essa consciência. Mas também entendemos que a capacidade e as qualidades de um jogador como esse acabam sendo um condicionante para que ele possa superar toda e qualquer situação que de repente venha a acontecer dentro de uma partida. Nós estávamos naturalmente aguardando a primeira oportunidade de tê-lo à disposição. É um jogador que todos sabem e conhecem muito bem. Que ele seja muito feliz nesse retorno e que nós possamos também dar segurança para ele desenvolver o seu melhor dentro do momento que vive”, afirmou o técnico, pedindo cautela com Neymar.
“Não criemos uma expectativa altíssima, jogando toda a responsabilidade em cima desse retorno. Que tenhamos um equilíbrio e uma regularidade nessas duas partidas que serão muito difíceis, eu concordo. Porém também para os nossos adversários.” As informações são do jornal O Globo.