Segunda-feira, 06 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de julho de 2024
A aposta no mercado financeiro é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deverá manter a taxa Selic parada em 10,5% anuais. No entanto, é crescente a percepção, entre participantes do mercado, de que a autoridade monetária se verá obrigada a endurecer a retórica, tendo em vista a valorização expressiva do dólar desde junho e a que devem afastar ainda mais as projeções de inflação do colegiado para este ano e para 2025 do centro da meta oficial, de 3%.
E é com base na piora esperada das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que as discussões sobre a natureza do balanço de riscos para a inflação devem ganhar protagonismo, especialmente no momento em que os economistas debatem se o próximo movimento da Selic no País será para cima ou para baixo.
Todas as 123 instituições financeiras e consultorias ouvidas pela reportagem esperam que o Copom siga com o juro em 10,5% na quarta-feira (31), e a maioria das casas projeta a taxa básica ainda neste nível ao menos até o fim de 2024. Apenas 12 instituições veem alguma mudança na direção dos juros até dezembro – nove delas esperam a retomada do ciclo de cortes, enquanto três apontam elevação na Selic ainda neste ano.
Já em 2025, a maior parte do mercado espera que as condições monetárias voltem a ser flexibilizadas no Brasil. A mediana das respostas aponta para uma Selic de 9,5% ao fim do ano que vem.
Vale apontar, porém, que há um crescimento no número de economistas que projetam um juro básico parado em 10,5% por um período mais longo. Em uma pesquisa feita em junho, 21 casas projetavam a manutenção da taxa básica nesses níveis ao longo do próximo ano. Agora, são 34.
A desconfiança de parte do mercado com a possibilidade de retomada dos cortes de juros se dá em um momento de forte depreciação cambial. Na última reunião do Copom, a taxa de câmbio utilizada pelo colegiado para traçar suas projeções era de R$ 5,30, patamar que deve subir para algo em torno de R$ 5,55 na próxima decisão.
Em seu último comunicado, o Copom apontou que, em um cenário alternativo no qual a Selic se mantinha parada em 10,5% ao longo de todo o horizonte relevante, sua projeção de inflação estaria em 3,1% e, portanto, ao redor da meta. Com a depreciação cambial, no entanto, essa projeção deve se afastar do centro da meta, o que tem levantado um debate sobre uma possível reação por parte da autoridade monetária.
As informações são do portal de notícias Valor Econômico.