A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU) informou que há sinais de que a Coreia do Norte ativou seu segundo reator nuclear. A estação de energia estaria no complexo nuclear de Yongbyon, e começou a liberar água aquecida, segundo a agência informou nessa quinta-feira (21).
O governo de Kim Jong-un já utiliza o combustível irradiado de um reator menor para produzir plutônio para o seu arsenal nuclear, mas o novo fluxo de água identificado sugere que a nova usina também entrou em funcionamento.
“A descarga de água quente é um indicativo de que o reator atingiu o nível crítico”, disse o chefe da AIEA, Rafael Grossi, em comunicado, o que significa que a reação nuclear em cadeia no reator é autossustentável.
A organização da ONU não tem acesso à Coreia do Norte desde que Pyongyang expulsou seus inspetores em 2009. A agência faz análises através de imagens de satélite para acompanhar o avanço do país no campo nuclear.
Sem acesso, a AIEA não pode confirmar o status operacional do reator, disse Grossi, porém afirma ter observado um forte fluxo de água do sistema de resfriamento do reator de água leve desde outubro, o que sugere que o reator está em funcionamento. Indicações mais recentes indicavam que a água estava quente.
“O LWR, como qualquer reator nuclear, pode produzir plutônio no seu combustível irradiado, que pode ser separado durante o reprocessamento, por isso isto é motivo de preocupação”, disse ele, acrescentando que o avanço do programa nuclear da Coreia do Norte foi “profundamente lamentável”.
Nesta semana, Kim Jong-un advertiu que seu país não hesitará em lançar um ataque nuclear se for “provocado com armas nucleares”, informou a imprensa estatal. Os comentários do líder norte-coreano ocorreram após uma reunião na semana passada entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos em Washington, em que os dois países discutiram a dissuasão nuclear em caso de um conflito com a Coreia do Norte.
A agenda da reunião incluiu “planejamento nuclear e estratégico”, e os aliados reafirmaram que qualquer ataque nuclear de Pyongyang, capital da Coreia do Norte, contra Estados Unidos ou Coreia do Sul resultaria no fim do regime norte-coreano.
Em reação, Kim Jong-un teria ordenado ao escritório de mísseis de suas forças armadas para “não hesitar em lançar um ataque nuclear quando o inimigo provocar com armas nucleares”, segundo a KCNA, agência de notícias norte-coreana.
Washington, Seul e Tóquio divulgaram posteriormente um comunicado alertando a Coreia do Norte a “parar de realizar provocações e aceitar nosso apelo para participar de um diálogo substantivo sem condições”.