Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 27 de dezembro de 2024
A crise de liderança na Coreia do Sul se aprofundou nessa sexta-feira (27), após os parlamentares votarem, de forma unânime, pelo impeachment do presidente interino Han Duck-soo — a segunda destituição no país em menos de duas semanas. Han foi acusado de “participar ativamente da insurreição”, após seu antecessor, Yoon Suk-yeol, decidir declarar lei marcial no início deste mês, uma medida que foi revertida seis horas depois. Agora, o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças Choi Sang-mok assume como novo presidente interino.
A destituição de Han ocorreu após ele se recusar a nomear três juízes para preencher vagas no Tribunal Constitucional, órgão responsável por decidir se Yoon será reintegrado ou removido definitivamente do cargo. Na Coreia do Sul, seis ou mais juízes dos nove membros do tribunal devem votar a favor do impeachment para remover o presidente do cargo. Como hoje a corte tem apenas seis juízes, a destituição poderia ser revertida com apenas uma voz dissidente no julgamento de Yoon.
Han foi pressionado pela oposição a aprovar as nomeações para preencher as vagas no tribunal — todas elas eram destinadas a nomeados pela Assembleia Nacional, embora formalmente fossem nomeados pelo presidente. O partido governista de Han, porém, argumentou que apenas um presidente eleito tem o poder de nomear juízes, indicando que não tomaria a medida a menos que os partidos rivais chegassem a um acordo sobre se ele tinha autoridade para fazê-lo e quem deveria ser nomeado.
“Um presidente interino deve abster-se de exercer poderes próprios do presidente, incluindo a nomeação de instituições constitucionais”, disse Han, um burocrata de carreira que foi acusado por opositores de ajudar Yoon a perpetrar a insurreição ao enviar tropas para a Assembleia Nacional para impedir que eles votassem contra a lei marcial.
Esta é a primeira vez que a Coreia do Sul realiza o impeachment de um líder interino, prolongando a crise política no país, que vem lutando contra as ameaças nucleares da Coreia do Norte ao mesmo tempo em que precisa lidar com os seus próprios desafios econômicos em casa. A incerteza política fez com que na quinta-feira o won, uma das moedas mais fracas da Ásia neste ano, caísse para níveis em relação ao dólar americano não vistos desde a crise financeira global, há 15 anos.
Choi, que agora assume como líder interino, disse que trabalhará para minimizar qualquer turbulência governamental. Ele também instruiu o Estado-Maior Conjunto a intensificar a vigilância sobre a Coreia do Norte para prevenir possíveis provocações. No entanto, será praticamente impossível para ele gerenciar todas as funções, incluindo as de ministro das Finanças, presidente interino e primeiro-ministro interino ao mesmo tempo, avaliou o cientista político Shin Yul, da Universidade Myongji.
“O último impeachment sugere ao mundo a possibilidade de que a agitação política da Coreia possa ser prolongada e piorar”, disse ao New York Times Jeong Hoiok, também cientista político na Universidade Myongji, em Seul. “Isso causaria danos significativos à diplomacia e ao status econômico que a Coreia construiu até agora.” As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.