Quinta-feira, 09 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de maio de 2023
O público que assistir à coroação do rei Charles 3°, neste sábado (6), será convidado a se juntar a um “coro de milhões” para jurar lealdade ao rei e a seus herdeiros, dizem os organizadores. O compromisso público é uma das várias mudanças significativas na cerimônia que atravessa séculos.
Em uma coroação que introduzirá modificações nos ritos, o clero feminino terá um papel de destaque, e o próprio rei rezará em voz alta.
A cerimônia, de caráter cristão, também terá líderes religiosos de outras fés com um papel ativo pela primeira vez.
Esta coroação também será a primeira a incorporar outras línguas faladas no Reino Unido, com um hino que será cantado em galês, gaélico escocês e gaélico irlandês.
Apesar das mudanças destinadas a contemplar outras religiões, os três juramentos que o rei fará e que formarão o cerne da cerimônia permanecem inalterados, incluindo a promessa de manutenção da “religião protestante”.
Detalhes da cerimônia da Abadia de Westminster foram divulgados pelo Palácio de Lambeth, a residência oficial do arcebispo de Cantuária, Justin Welby.
O líder da Igreja Anglicana disse que “reconheceria e celebraria a tradição” ao mesmo tempo que contemplaria “novos elementos que refletem a diversidade de nossa sociedade contemporânea”.
O público terá um papel ativo na cerimônia pela primeira vez, com pessoas de todo o mundo convidadas a jurar lealdade ao rei em voz alta.
Esta “homenagem do povo” substitui a tradicional “homenagem dos pares”, onde os membros da família real juram lealdade ao novo monarca.
Em vez disso, todos na abadia, além de telespectadores, serão convidados ao que Palácio de Lambeth descreveu como um “coro de milhões”.
Será lida a seguinte passagem: “Todos os que assim o desejarem, na abadia e em outros lugares, digam juntos: juro que prestarei verdadeira lealdade a Vossa Majestade e a seus herdeiros e sucessores de acordo com a lei. Assim, que Deus me ajude. ”
Um toque de uma fanfarra será executado na sequência.
O arcebispo da Cantuária proclamará então “Deus salve o rei”, e todos os convidados vão responder: “Deus salve o rei Charles. Viva o rei Charles. Que o rei viva para sempre.”
Um porta-voz da Igreja Anglicana disse: “A homenagem do povo é particularmente emocionante porque é uma novidade”.
“Isso é algo que podemos compartilhar por causa dos avanços tecnológicos, não apenas as pessoas na abadia participarão, mas também as pessoas que estão online, na televisão, que estão ouvindo e que estão reunidas em parques, telões e igrejas.”
“Nossa esperança é que, nesse momento, quando o arcebispo convidar as pessoas a participar, que as pessoas, onde quer que estejam, se estiverem assistindo em casa sozinhas, assistindo à televisão, digam em voz alta — essa sensação de grande clamor em todo o país e em todo o mundo de apoio ao rei.”
Enquanto os juramentos — que permaneceram inalterados por séculos — permanece com o compromisso com a religião protestante, o Palácio de Lambeth disse que o arcebispo de Canterbury fará uma “contextualização”.
Ele vai dizer de antemão que a Igreja da Inglaterra buscará criar um ambiente onde “pessoas de todas as fés e crenças possam viver livremente”.
“O contexto religioso e cultural do século 17 era muito diferente da Grã-Bretanha contemporânea e multirreligiosa de hoje”, disse o porta-voz. “Então, pela primeira vez haverá um prefácio para o juramento.”
O editor de religião da BBC, Aleem Maqbool, disse que ao longo dos anos houve muita especulação sobre uma possível mudança nos juramentos do rei, com intuito de refletir uma aspiração de proteger a prática de todas as fés e crenças. Mas isso poderia causar consternação entre alguns tradicionalistas da Igreja da Inglaterra.
Maqbool acrescentou que pareceu uma boa solução deixar os juramentos inalterados e fazer com que o Arcebispo de Canterbury expresse esse sentimento voltado para o futuro.
Mas progressistas podem questionar por que a proteção da prática de todas as crenças não pode fazer parte do juramento do rei com a nação. As informações são da BBC News.