Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 12 de dezembro de 2020
O Butantan anunciou que começou a fabricar a CoronaVac, vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o instituto. “É a primeira vacina contra a covid-19 produzida no Brasil”, disse Dimas Covas, diretor do Butantan. O instituto começou a produção e adotou desde então um regime de fabricação intensivo para ter prontas em janeiro 40 milhões das 46 milhões de doses que o governo de São Paulo espera ter em mãos para dar início ao seu plano de imunização. As outras 6 milhões são importadas da China. Confira algumas perguntas e respostas.
1) O que dizem as pesquisas até o momento?
O estudo concluiu que a vacina é segura ao apontar que nenhum efeito colateral grave relacionado à vacina foi identificado dentro dos 28 dias em nenhuma das duas fases da pesquisa.
2) A CoronaVac protege contra a covid-19?
É exatamente isso que os testes de fase 3 estão investigando. Eles estão sendo realizados não só no Brasil, mas também na Indonésia, na Turquia e no Chile. Ao fim do estudo, será analisada a proporção de pessoas que receberam a vacina e ficaram doentes para atestar sua eficácia.
3) Qual é a taxa de eficácia que uma vacina deve ter?
A imunologista Cristina Bonorino, professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, diz que, em geral, uma vacina deve ter uma taxa de eficácia de 70%, ou seja, ser capaz de proteger sete em cada dez pessoas que a tomarem.
4) Como funciona a CoronaVac?
A vacina da Sinovac usa vírus inativados, ou seja, que foram expostos em laboratório a calor e produtos químicos para não serem capazes de se reproduzir. Por isso, eles não conseguem nos deixar doentes, mas isso é suficiente para gerar uma resposta imune e criar no nosso organismo uma memória de como nos defender contra uma ameaça.
5) Quais são as vantagens e desvantagens da tecnologia da CoronaVac?
A vacina da Sinovac usa uma tecnologia bastante tradicional de imunização, desenvolvida há cerca de 70 anos, diz o imunologista Aguinaldo Pinto, professor da Universidade Federal de Santa Catarina. “Não há nada de novo na tecnologia por trás dessa vacina. Temos muitas vacinas de vírus inativados sendo comercializadas hoje”, afirma Pinto. Entre as que tomamos de rotina que utilizam essa tecnologia, estão as de gripe, hepatite A e poliomielite (na versão injetável).
6) Como é feita a produção pelo Butantan?
O instituto anunciou que a fabricação ocorrerá em turnos sucessivos, sete dias por semana, para que a produção diária alcance a capacidade de 1 milhão de doses por dia. Desta forma, a fábrica funciona sem parar, 24 horas por dia, para dar conta da demanda. Até outubro, a operação era de segunda a sexta-feira, em dois turnos.
7) Como será a vacinação?
O governo de São Paulo anunciou em 7 de dezembro que a vacinação com a CoronaVac terá início em 25 de janeiro, embora ela não tenha sido aprovada ainda pela Anvisa. Por enquanto, foram anunciados os detalhes apenas da primeira fase do plano de imunização, que tem como público-alvo profissionais de saúde, pessoas com mais de 60 anos, indígenas e quilombolas.
De acordo com o governo paulista, estes grupos respondem por 77% das mortes causadas pelo novo coronavírus no Estado. Isso implicará na vacinação de 9 milhões de pessoas e no uso de 18 milhões de doses, porque cada pessoa deve tomar duas doses da CoronaVac, com uma diferença de 21 dias entre elas.
8) Vai ser obrigatório tomar a vacina?
João Doria disse em meados de outubro que a vacina contra a covid-19 seria obrigatória em todo o Estado. Segundo Doria, somente quem tiver um atestado médico que comprove que ele não pode ser imunizado seria liberado.
“Adotaremos medidas legais se houver contrariedade nesse sentido”, disse o governador na época.
No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que é adversário político de Doria, afirmou que quem ofereceria vacinas contra a covid-19 seria o Ministério da Saúde, mas “sem impor ou tornar a vacina obrigatória”. Desde então, nem o governador nem o presidente voltaram a tratar do assunto.
9) A CoronaVac vai estar disponível em outros locais do país?
É provável que sim. Mas as condições em que isso vai acontecer ainda são incertas.
10) Quem mais usa a CoronaVac além do Brasil?
Diferentemente do que disse Bolsonaro, que afirmou que nenhum outro país tem interesse na vacina da Sinovac, outros quatro países já aplicam ou têm planos de aplicar o imunizante. São eles: China, Indonésia, Turquia e Chile.