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Coronavírus e fim de ano: especialistas e entidades recomendam festas virtuais para Natal e Ano-Novo

Alternativa é comemorar apenas com pessoas que morem na mesma casa. (Foto: Reprodução)

Com a chegada do Natal e Ano-Novo, começam também os planos de celebrar as festas de fim de ano – que serão as primeiras em meio à pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Especialistas foram unânimes em aconselhar festas virtuais ou, se presenciais, apenas com pessoas que moram na mesma casa.

1. Como se reunir com segurança?

O ideal é que as reuniões com pessoas de núcleos diferentes da família e com amigos sejam virtuais, recomendam os três infectologistas Rosana Richtmann, Jamal Suleiman e Raquel Stucchi.

“Se não quer correr risco ou colocar as pessoas que você ama em risco, não faça reunião de Natal entre a família esse ano”, diz Richtmann. Outra recomendação é se reunir apenas com pessoas que já fazem parte do grupo de convívio, dizem os médicos, ou seja: aquelas que já vivem na mesma casa.

“Natal é uma festa de família, e o Ano-Novo de forma geral é uma festa de amigos. Qualquer movimentação no sentido de aglomerar implica em um risco muito alto”, concorda Suleiman.

2. Quem deve evitar ir às festas?

Caso decida fazer uma festa presencial mesmo com os riscos, Richtmann lembra que “não existe encontro de Natal [presencial] sem risco”. O que se pode fazer é minimizar esse risco.

Idosos e pessoas com doenças crônicas descompensadas devem evitar ir às festas, recomenda Raquel Stucchi. A mesma recomendação vale para quem tiver contato frequente com esse tipo de pessoa.

“Para quem tem uma doença crônica, mas compensada, o risco é maior do que [para] quem não tem, mas não tão grande quanto os descompensados. Essas pessoas deveriam se poupar – o que significa que as pessoas que têm contato com idosos e pessoas com doenças crônicas descompensadas não devem expor essas pessoas ao contato de muitas pessoas”, diz Stucchi.

Jamal Suleiman lembra que idosos, por exemplo, podem ser expostos à Covid-19 por seus cuidadores. “Uma festa de fim de ano é muito parecida com isso – vai incluir nesse ambiente pessoas que estão vindo de fora. Obviamente, se a pessoa tiver algum sintoma que possa estar relacionado à Covid, esse é para não sair de casa em hipótese alguma. Mas vai ter pessoas que são assintomáticas – vindo para uma celebração em que elas vão tirar a máscara”, lembra.

3. Que fatores aumentam o risco de transmitir a doença?

O Centro de Controle de Doenças dos EUA aponta vários elementos que podem aumentar o risco de disseminar a Covid-19 em reuniões presenciais. Eles são:

Alta transmissão comunitária: estar em um local com níveis altos ou crescentes de casos de Covid-19 – ou se reunir com pessoas que estiveram neles – aumenta o risco de pegar a doença. A Fiocruz relata uma tendência de aumento de casos em todo o território nacional.

Exposição durante a viagem: aeroportos, estações de ônibus, estações de trem, transporte público, postos de gasolina e paradas de descanso são todos lugares onde os viajantes podem ser expostos ao vírus no ar e em superfícies.

Local da festa: reuniões internas, especialmente em locais com pouca ventilação, representam mais risco do que reuniões ao ar livre.

Em meados de novembro, o Ministério da Saúde também recomendou, no Twitter, o isolamento social e a adesão às medidas de proteção individual como forma de conter o novo coronavírus. A publicação, entretanto, foi apagada.

4. Qual o lugar ideal para as reuniões?

Se decidir fazer uma reunião presencial, uma forma de minimizar riscos é fazer a festa em lugares abertos – principalmente se envolver pessoas de fora do núcleo familiar.

O CDC recomenda que, mesmo nesses locais, os convidados usem máscaras quando não estiverem comendo ou bebendo e que mantenham a distância mínima de 1,80 m uns dos outros.

Rosana Richtmann concorda: “se possível, fazer em lugar aberto. Se houver uma área no prédio onde consiga fazer a reunião, é muito melhor. Não pode colocar dez pessoas em uma sala em que cabem 6, não vai conseguir nunca o distanciamento”, diz.

A médica também sugere adiar a comemoração se o adiamento permitir que a festa seja feita em lugar ventilado: por exemplo, substituindo a ceia da meia-noite no dia 24 para um almoço num ambiente aberto no dia 25.

5. Em festas presenciais, quais precauções adotar?

Os especialistas reiteram que as precauções podem diminuir, mas não eliminam o risco.

As medidas preventivas são as que já conhecemos: manter o distanciamento, usar máscaras e higienizar as mãos. Além disso, há algumas estratégias específicas para o fim do ano: não cantar é uma delas.

“Nada de cantoria – quanto mais alto você fala ou canta, maior o risco da disseminação de partículas. Algumas famílias têm tradição de canto, coral; nada disso”, alerta Richtmann. Na hora da comida, a recomendação é dividir os núcleos familiares por mesa – ou seja, as pessoas que convivem no dia a dia se sentam juntas.

“Quando for se alimentar, atenção máxima ao distanciamento – porque não vai conseguir usar máscara”, alerta a médica. E, para o Ano-Novo, um alerta a mais: Richtmann afirma já esperar um aumento de casos para a primeira quinzena de janeiro, porque “a tendência para o réveillon são adultos jovens marcando e fazendo festa, alugando uma casa num grupo de 25 pessoas”, diz.

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