A descoberta da presença do novo coronavírus no banheiro de um apartamento desocupado em Guangzhou, na China, sugere que o vírus pode ter percorrido os canos de esgoto por meio de pequenas partículas transportadas pelo ar. É o que disseram pesquisadores do Centro Chinês para Controle e Prevenção de Doenças em um estudo publicado na revista científica Environment International.
Em fevereiro, traços de SARS-CoV-2 foram detectados na pia e em torneiras de um apartamento vazio, que fica acima da casa onde moravam cinco pessoas confirmadas com Covid-19. Os cientistas realizaram “um experimento de simulação de rastreamento no local” e confirmaram a presença do vírus.
O novo relatório é um alerta, já que houve um caso no conjunto habitacional particular Amoy Gardens de Hong Kong, quase duas décadas atrás, quando 329 residentes foram contaminadas pela síndrome respiratória aguda grave, ou Sars, em parte por causa de dutos de esgoto com defeito. Quarenta e dois residentes morreram, tornando-se o surto comunitário mais devastador de Sars.
Apartamentos em edifícios de vários andares na China costumam ser conectados por meio de um sistema de esgoto compartilhado, disse Lidia Morawska, diretora do Laboratório Internacional de Qualidade do Ar e Saúde da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália.
Enquanto sólidos e líquidos descem pela rede, gases de esgoto às vezes sobem através de canos na ausência de água suficiente, disse Morawska. “Se houver cheiro, significa que de alguma forma o ar foi transportado para onde não deveria”, disse Morawska em uma entrevista.
Vacina
A China aprovou em julho o uso emergencial da CoronaVac, vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela Sinovac Biotech, como parte de um programa para vacinar grupos de alto risco, como equipes médicas, disse uma fonte do governo à agência Reuters. Anteriormente, havia sido informado que apenas a vacina desenvolvida pelo Grupo Nacional de Biotecnologia da China (CNBG), da Sinopharm, seria utilizada. Mas, segundo a fonte da agência, a CoronaVac também foi integrada no programa.
A CNBG tem duas vacinas em testes clínicos de fase 3. Não foi informado qual das candidatas teve o uso emergencial liberado na China. Essas vacinas experimentais tem sido aplicadas na China em grupos de alto risco desde julho. De acordo com um oficial de saúde, as autoridades poderiam considerar expandir o programa de uso de emergência para tentar prevenir possíveis surtos durante o outono e inverno no país.
Ambos os imunizantes ainda estão em fase 3 de testes clínicos, que tem como objetivo comprovar a eficácia da vacina na prevenção da doença. A CoronaVac, inclusive, está em testes no Brasil, realizado pelo Instituto Butantan.
Oficialmente, a China deu poucos detalhes sobre quais vacinas foram dadas a pessoas de alto risco no programa de uso de emergência e quantas pessoas foram vacinadas. Segundo informações da mídia estatal local divulgadas em junho, funcionários de empresas estatais que viajavam para o exterior foram autorizados a tomar uma das duas vacinas em desenvolvimento pela pela CNBG. Militares da China também aprovaram o uso da vacina de outra empresa chinesa, a CanSino Biologics.
Atualmente, sete vacinas contra o novo coronavírus estão em fase final de testes em todo o mundo, entre as quais quatro são chinesas. Mas nenhuma vacina ainda passou pelo estágio final de testes provando que é segura e eficaz – condições geralmente exigidas para obter aprovação regulatória para uso em massa.