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Por Redação O Sul | 18 de março de 2020
A pandemia do Covid-19 é o principal assunto dos últimos dias. O coronavírus, transmitido por meio de gotículas ao tossir, espirrar ou respirar, pode provocar sintomas como febre, fadiga, tosse seca ou dificuldade para respirar. Em alguns casos, no entanto, também pode ser assintomático.
Nesse momento de mobilização, a informação é um dos maiores aliados contra a doença. Quais cuidados devem ser tomados durante gestação e amamentação? Quais são as recomendações para quem trabalha como cuidadora de crianças e idosos? Home office é a melhor alternativa? Buscando responder a essas e outras questões, conversamos com especialistas para entender situações relacionadas ao vírus que podem impactar diretamente a vida das mulheres.
Tania Vergara, porta-voz da Sociedade Brasileira de Infectologia, Juliana Esteves, ginecologista membro da Comissão Nacional especializada em Assistência Pré-natal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e Patricia Canto, pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, responderam dúvidas e deram recomendações sobre o tema.
Coronavírus em homens e mulheres: existe diferença?
De acordo com Tania Vergara, que também é presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro, não existem, até o momento, dados suficientes para apontar um maior risco de contrair o vírus entre homens ou mulheres. Ela explica que a vulnerabilidade vai depender principalmente de outros fatores, como a faixa etária.
A pneumologista Patricia Canto lembra que os primeiros artigos publicados, quando a situação era mais restrita à China, mostraram um predomínio de homens entre casos mais graves, mas afirma que não há no momento nenhum estudo que aponte um risco maior ou menor relacionado à questão de gênero. Para ela, esses dados podem ser mais relacionados a comportamentos sociais, de procura por serviços de saúde, ou por mulheres ainda trabalharem menos fora de casa.
Gravidez e prevenção ao coronavírus
A ginecologista Juliana Esteves explica que quando ocorre uma epidemia ou pandemia, há sempre um alerta em relação às gestantes. Porém, diferente de como aconteceu com a influenza e a zika, elas não estão se mostrando um grupo de risco em relação ao coronavírus.
“Estamos nos baseando por enquanto nos locais que estão mais a nossa frente, pela epidemia ter acontecido antes, que no caso é a China”, ela afirma. “Não tivemos quadros de maior gravidade para mulheres por estarem gestantes e isso é um dado fundamental. Mas é claro que ela sempre vai ter uma precaução maior, porque está prestes a ter um bebê e pode ser veículo transmissor para ele, no pós-parto. Essa é a nossa principal atenção, principalmente para as que estão em fase tardia da gestação.”
De acordo com a médica, um estudo realizado na China com mães infectadas pelo novo coronavírus mostra que ele não foi identificado no líquido amniótico, no cordão umbilical, na placenta ou no leite materno. Portanto, a princípio, não existe documentação de transmissão vertical, durante a gestação. Para as futuras mães que estejam com suspeita de Covid-19 ou já saibam que estão infectadas, os cuidados devem ser o mesmos de toda a população.
Amamentação e cuidados com recém-nascidos
Juliana Esteves, da Febrasgo, afirma que a orientação mais recente, baseada em canais internacionais, é o uso de máscara em pacientes que estejam amamentando e possam ter tido contato com o vírus, para evitar a transmissão de gotículas ao recém-nascido. Ela destaca a importância da amamentação para a saúde do bebê.
“O benefício do leite é indiscutível, então para contraindicar a amamentação teria que haver uma evidência de forte presença do vírus nele e que pudesse causar patologia no bebê”, ela explica.
Mulheres que atuam como cuidadoras
Muitas mulheres trabalham como cuidadoras, ou exercem essa função no seu meio familiar, sendo responsáveis pelas crianças e idosos. Nesses casos, é preciso diminuir o contato físico, o compartilhamento de talheres e copos e ter muita atenção caso alguém adoeça. Vergara destaca que as crianças adoecem pouco e têm menos sintomas, mas podem pegar a doença e transmitir para as outras pessoas.
Home office e horários alternativos
Em relação ao trabalho, Tania Vergara afirma: “Tudo que puder ser feito de casa é melhor”. Como nem sempre isso é possível, existem alternativas que podem ser pensadas para diminuir os riscos.
Cabeleireiro e produtos de beleza
Apesar de não fazer parte da rotina de todas, as mulheres são as principais frequentadoras nos salões de beleza. As especialistas destacam que nesses locais o cuidado com a higiene deve acontecer sempre, não apenas devido a atual preocupação com o coronavírus. Além disso, caso a cliente ou profissional tenha qualquer sintoma, mesmo de resfriado, não deve ir.
Cuidado redobrado para idosas
A ginecologista Juliana Esteves destaca que, para as mulheres idosas, os cuidados de prevenção ao coronavírus devem ser ainda maiores, da mesma forma que para os homens nessa faixa etária.
“Hoje em dia temos muitas mulheres que estão muito bem nos seus 65 anos, muito vívidas, mas é importante lembrar que elas são idosas. Por isso, devem ter os cuidados redobrados e evitar a exposição da forma mais rígida possível”, ela ressalta.