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Brasil Entenda porque a incidência de casos e mortes por coronavírus é maior entre os jovens no Brasil

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Desde o início da pandemia, 110.353 pessoas necessitaram de hospitalização por SRAG. (Foto: Gabriella Clare Marino/Unsplash)

O mês de março teve registradas quatro vezes mais mortes por coronavírus entre pessoas de 30 a 39 anos em relação ao mês de janeiro: foram 3.449 pessoas dessa faixa etária que perderam a vida para a doença, contra 858. Também em março, o registro do número de mortes entre 20 e 29 anos pulou de 245 para 887, um aumento de 260%, segundo dados do Portal da Transparência do Registro Civil, que reúne dados dos cartórios por todo o país.

Embora possa haver eventuais diferenças, em parte dos casos, entre quando as mortes ocorreram e de fato foram registradas, epidemiologistas não têm dúvidas de que há um aumento na mortalidade entre pessoas não idosas por covid-19 no Brasil, refletindo uma triste realidade: o novo coronavírus mata, proporcionalmente, muito mais jovens aqui do que no restante do mundo.

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, foram registrados cerca de 20 mil óbitos por covid abaixo de 39 anos no Brasil, ou 5% do total de 400 mil, marca atingida na quinta-feira (29).

Essa taxa é mais de três vezes maior do que nos Estados Unidos (1,5%). No Reino Unido, ela é de apenas 0,64%.

Mais de um terço das mortes por covid-19 no Brasil é de menores de 59 anos. À medida que os mais velhos estão sendo vacinados, os óbitos nessa faixa etária têm caído pela metade.

Por que, então, os jovens estão morrendo mais no Brasil? Especialistas explicam os motivos.

Desde o início da pandemia de covid, sabe-se que os mais jovens são menos susceptíveis a desenvolver os sintomas mais graves da doença e morrer por complicações dela.

De maneira geral, por causa da idade, eles têm a seu favor um sistema imunológico mais forte, o que facilita o combate ao vírus. A exceção são aqueles que têm algum tipo de comorbidade (doença associada), como obesidade ou asma, por exemplo.

Mas isso não quer dizer que os jovens estejam imunes à doença – e essa falsa percepção acaba encorajando uma maior exposição ao risco.

Em outras palavras: aglomeram-se com mais frequência e ignoram medidas importantes de prevenção, como uso de máscaras e distanciamento social.

Por todo o Brasil, imagens de festas clandestinas interrompidas pela polícia foram compartilhadas nas redes sociais e ganharam o noticiário.

Outra possibilidade está associada a volta ao trabalho. Os mais jovens compõem a maior parte da população economicamente ativa. Isso quer dizer que são o grosso dos que trabalham – ou que estão procurando emprego.

Se de um lado o auxílio emergencial pago pelo governo ajudou a complementar a renda das famílias brasileiras, a redução do valor do benefício obrigou muitos desses jovens a voltarem às ruas.

O impacto maior acaba sendo nas classes socialmente menos privilegiadas e, mais particularmente, nos negros, aponta um estudo realizado pela consultoria global de saúde Vital Strategies em parceria com o Afro-CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), instituto de pesquisa em questões raciais sediado em São Paulo.

A pesquisa mostrou que o excesso de mortalidade no Brasil em 2020 foi de 28% entre pretos e pardos em comparação com 18% entre pessoas de cor branca. O excesso de mortalidade significa o número de pessoas que morreram acima do esperado.

Na faixa etária até 29 anos, essa taxa foi de 32,9% entre os negros e 22,6% entre os brancos. Já entre 30 e 59 anos, foi de 37% entre os negros e 32% entre os brancos.

Pandemia rejuvesnecida

Um boletim recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado no fim de março, alerta para o ‘rejuvenescimento’ da pandemia no Brasil.

“O número de casos, hospitalizações e mortes entre pessoas com menos de 60 anos cresce mais rápido do que em idosos. O risco, portanto, para incidência e mortalidade vem aumentando gradativamente para quem não é idoso e é, via de regra, saudável”, dizem os pesquisadores.

“Este deslocamento de casos e óbitos sugere que a pandemia ganha um novo contorno no Brasil, ficando mais rejuvenescida”, acrescentam.

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