Sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 18 de agosto de 2023
O fator pai foi decisivo para que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tomasse a decisão de confessar os crimes na venda e compra de joias recebidas como presentes oficiais.
Depois da divulgação das informações envolvendo o general Lourena Cid, o pai de Mauro Cid passou a desabafar com amigos que não pensava em terminar sua vida preso, e entrou em depressão.
Com isso, Mauro Cid, o filho, decidiu trocar de advogado e acertar com Cezar Bittencourt um acordo para tentar livrar o pai de uma condenação.
O general Lourena Cid, desde a prisão do filho, fazia quase que uma vigília no Exército, conversando com a cúpula da Força, pedindo ajuda para o tenente-coronel. Em alguns momentos, chegava a chorar.
Quando foram divulgadas as informações de que o próprio pai está envolvido na negociação das joias, amigos do general se sentiram traídos por ele.
Diante da exposição do pai, Mauro Cid decidiu mudar de estratégia. Ele vai dizer que o pai é “inocente” no caso, que foi envolvido nas negociações por ele e que acabou “emprestando” sua conta a seu pedido, para fazer transações bancárias da venda das joias.
Segundo amigos do ex-ajudante de ordens, ele está focado em livrar o pai de qualquer condenação.
Enquanto isso, o PL já trabalha com um cenário de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Depois do depoimento do hacker Walter Delgatti à CPI dos Atos Golpistas, e a informação de que Mauro Cid decidiu confessar e atribuir a responsabilidade pela venda e compra das joias a Bolsonaro, a cúpula do PL avaliou que a situação do ex-presidente piorou e muito.
E, para completar, Alexandre de Moraes autorizou a quebra de sigilos bancário e fiscal do ex-presidente e de sua mulher, Michelle.
“Esclarecimento”
O advogado Cezar Bitencourt, que atua na defesa de Mauro Cid, mudou de versão sobre os fatos envolvendo a venda de joias recebidas pelo ex-presidente durante o mandato.
Em entrevista à “Revista Veja”, publicada na quinta-feira (17), o advogado disse que o cliente iria assumir que vendeu, nos Estados Unidos, joias recebidas pelo ex-presidente. E que fez isso a mando de Bolsonaro.
Nessa sexta (18), em entrevista à GloboNews, a versão dada foi diferente e buscou atenuar o episódio da venda dos presentes presidenciais.
Mauro Cid está preso desde 3 de maio, quando foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid, no sistema do Ministério da Saúde, de integrantes da família do ex-auxiliar e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
À “Veja”, o advogado disse que Cid “assume que foi pegar as joias”. Bitencourt se referia aos presentes que Bolsonaro recebeu durante o mandato e que entraram na mira de uma investigação da Polícia Federal (PF) depois que assessores do ex-presidente tentaram vender os artigos nos EUA.
Entre os presentes, estão um kit da grife de luxo Chopard, dois relógios (um Rolex e um Patek Philippe) e duas esculturas folheadas a ouro.
Nessa sexta, à GloboNews, o advogado afirmou que se referia apenas ao relógio Rolex, e não às demais joias pertencentes à União que, segundo a PF, também foram vendidas no exterior.
“Não tem nada a ver com joias. Mauro não trabalhou com essa hipótese, não foi isso que se comentou. Eu tenho apenas o relógio. É essa a situação”, afirmou.
“Estamos trabalhando com a hipótese de uma joia. Eu também considero que o Rolex de ouro é uma joia”, acrescentou o advogado.
À “Revista Veja”, Bitencourt afirmou que a ordem para vender as joias havia sido dada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e que Mauro Cid iria confessar isso.
Já, à GloboNews, o advogado mudou a versão e negou que Cid iria “dedurar” Bolsonaro, ou que fosse fazer uma confissão. Agora, Bittencourt diz que o ex-ajudante de ordens apenas vai dar “esclarecimentos” sobre o caso.