Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de fevereiro de 2024
Bernardo Romão Correa Neto é apontado como intermediador de reunião que planejou golpe militar após as eleições de 2022.
Foto: Exército/DivulgaçãoAlvo de um mandado de prisão preventiva decretado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o coronel Bernardo Romão Correa Neto desembarcou em Brasília no início da madrugada deste domingo (11), vindo dos Estados Unidos. Ele estava nos EUA desde o fim do governo Bolsonaro, quando foi designado para uma missão do Exército no exterior com término em junho de 2025. A ida do coronel para o território americano antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos motivos apontados para a sua prisão preventiva.
Segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a deflagração da operação da PF na quinta, a saída de Correa Neto do Brasil mostrou “fortes indícios de que o investigado agiu para se furtar ao alcance de investigações e consequentemente da aplicação da lei penal”.
Segundo a PF, Correa Neto chegou no Aeroporto Internacional de Brasília onde já havia uma equipe da Polícia Federal à sua espera. Depois dos procedimentos iniciais, o coronel foi entregue para a Polícia do Exército e teve três passaportes e seu celular apreendidos.
A operação prendeu também Filipe Martins, ex-assessor especial de Jair Bolsonaro, e os militares Rafael Martins, tenente-coronel do Exército, e Marcelo Câmara, coronel da reserva e também ex-assessor do ex-presidente. Os três, assim como Correa Neto, eram alvos de mandados de prisão preventiva.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também foi detido na quinta-feira, quando buscas em sua casa mostraram posse de uma arma irregular. Ele foi solto na noite de sábado (10). Segundo Moraes, “algumas circunstâncias específicas devem ser analisadas, uma vez que o investigado é idoso, tendo 74 (setenta e quatro) anos, e não teria cometido os crimes com violência ou grave ameaça”.
Intermediador
Segundo o relatório da PF, Correa Neto era um “homem de confiança” do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e estava envolvido no planejamento do golpe de Estado. Ele teria sido o intermediador de uma reunião entre militares que planejavam uma medida golpista em novembro de 2022, logo após a derrota do ex-presidente nas eleições.
“Os diálogos encontrados no celular de Mauro Cid demonstram que Correa Neto intermediou o convite para reunião e selecionou apenas os militares formados no curso de Forças Especiais (Kids Pretos), o que demonstra planejamento minucioso para utilizar, contra o próprio Estado brasileiro, as técnicas militares para consumação do Golpe de Estado”, afirma a decisão de Alexandre de Moraes.
Segundo a investigação, o golpe planejado por Correa Neto e outros militares e aliados de Bolsonaro previa o impedimento da posse de Lula e a prisão de autoridades como o próprio Moraes, que chegou a ser monitorado por um dos núcleos da organização criminosa. O processo envolveria também o decreto de estado de sítio por Bolsonaro, o que abriria brechas para uma intervenção militar.