O corpo do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira, assassinado durante uma expedição na região do Vale do Javari, no Amazonas, foi cremado nesta sexta-feira (24), em cerimônia reservada no cemitério Morada da Paz, em Paulista, região metropolitana de Recife.
O velório, que foi aberto ao público, foi marcado por homenagens feitas por indígenas das duas etnias mais importantes de Pernambuco: Pankararu e Xukuru.
O caixão estava coberto com bandeiras de Pernambuco e do Sport Clube do Recife, time do coração de Pereira, além de uma camisa da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).
Na quinta-feira, a Polícia Federal transportou os restos mortais do indigenista e do jornalista Dom Phillips de Brasília para Recife e Rio de Janeiro, respectivamente, onde foram liberados para suas famílias. O corpo do repórter britânico será velado neste domingo (26), no cemitério Parque da Colina, em Niterói (RJ).
A família, abalada, não quis falar com a imprensa e nomeou a cunhada do indigenista, Thany Rufino, para ler uma nota em nome dos parentes.
“Bruno tinha uma missão e iluminou sua causa, e levou ela para o mundo. Neste momento e durante toda a última semana, indígenas de todo o País fizeram rituais de passagem e homenagearam Bruno Pereira. Agradecemos a todos”, diz a nota lida por Thany Rufino.
Filho de paraibanos, Bruno Pereira tinha 41 anos, era natural do Recife e deixou a esposa, a antropóloga Beatriz de Almeida Matos, além de três filhos.
Ele era apaixonado pela causa indígena e, nos anos 2000, deixou Pernambuco para trabalhar na Amazônia. É considerado um dos maiores especialistas em povos isolados do Brasil.
Durante o velório, um grupo de indígenas Xucuru, da Serra do Ororubá, em Pesqueira, no Agreste, fez uma homenagem e entoou cantos do ritual do “Toré”.
Na capela, se reuniram ao redor do caixão de Bruno, que estava coberto por uma bandeira de Pernambuco, uma do Sport Clube do Recife e por uma camisa da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).
Eles seguravam um cartaz com as fotos das vítimas e a frase “Justiça por Dom e Bruno”. Na nota, a família de Bruno Pereira agradeceu pelo apoio.
“Aos familiares, amigos, aos indígenas e a todas as pessoas que oraram, buscaram, trabalharam, representaram Bruno. Somos eternamente gratos. Que Deus, em sua imensidão, possa retribuir a todos e às suas famílias. Agora, estamos dedicados ao amor, ao perdão e à oração”, conclui a nota.
Traslado
Bruno e Dom foram mortos durante uma expedição na região do Vale do Javari, no Amazonas. O crime ocorreu no dia 5 de junho e os restos mortais foram encontrados dez dias depois. O corpo de Bruno chegou ao Recife na noite da quinta-feira (23), em um jato da Polícia Federal.
Os restos mortais foram periciados em Brasília. Quando ocorreu a liberação, os dois corpos foram levados de avião para serem entregues às famílias.
Filho de paraibanos, Bruno Pereira era pernambucano, nascido no Recife. Deixou Pernambuco nos anos 2000, para trabalhar na Amazônia. Ele desempenhou diversas funções na Fundação Nacional do Índio (Funai) na última década.
Bruno passou pela coordenação regional do Vale do Javari, exatamente na região em que ele desapareceu durante uma expedição, no início deste mês. Deixou a esposa, a antropóloga Beatriz Matos, e três filhos.
Bruno Pereira é considerado um dos maiores especialistas em povos isolados do Brasil. O indigenista chegou a cursar jornalismo na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e participaria de um filme inspirado no trabalho dele.
No dia 16 de junho, o pernambucano recebeu homenagens pela trajetória em defesa dos povos indígenas. Segundo os familiares, Bruno amava Pernambuco, a cultura, o carnaval e o Sport Club do Recife.