Por Redação O Sul | 6 de fevereiro de 2025
Faz parte do processo natural de envelhecimento o aparecimento repentino de marcas do tempo após os 40 anos. É o que aponta uma pesquisa da Universidade Stanford, nos Estados Unidos.
Publicado em agosto passado na revista especializada Nature Aging, o estudo aponta que as moléculas e os micro-organismos do corpo humano passam, sim, por mudanças importantes em dois momentos da vida: por volta dos 40 e aos 60 anos.
A conclusão ocorreu a partir da análise dos dados de 108 pessoas, todas residentes na Califórnia, estado americano cuja população é conhecida pelos hábitos saudáveis, muito antes de a prática virar estilo de vida na maior parte do mundo.
Para o estudo, cuja observação se deu por períodos de até seis anos e oito meses, voluntários com idades entre 25 e 75 anos fizeram doações regulares de sangue e outras amostras biológicas para que os cientistas aferissem as transformações que ocorrem nos micro biomas e nas moléculas com a passagem do tempo. Fungos, bactérias e vírus também foram submetidos à avaliação.
O número de dados rastreados, relativos à idade e ao envelhecimento do corpo, dá pistas sobre a minúcia da pesquisa. Ao todo, foram analisados mais de 135 mil moléculas e micro-organismos diferentes, que ofereceram cerca de 250 milhões de pontos distintos para a observação.
O grande achado, que explica a sensação de envelhecimento repentino, é que cerca de 81% das moléculas e micro-organismos não mudam de maneira constante ao longo do tempo. Tanto nos corpos masculinos quanto nos femininos, as mudanças acontecem de forma rápida nesses dois períodos da vida.
A primeira alteração é por volta dos 44 anos, quando o número de moléculas relacionadas ao metabolismo de álcool, cafeína e gorduras sofre mudanças significativas. Não por acaso, é comum nessa idade as pessoas sentirem mais no corpo os efeitos após uma noite de festa, diferentemente do que acontecia quando tinham 20 ou 30 anos. Da mesma maneira, nessa idade, as pessoas podem sentir os efeitos de comidas industrializadas que foram acostumadas a ingerir durante toda a vida.
Pele e músculos
Liderada pelo professor de Genética e PhD Michael P. Snyder, a pesquisa americana dá conta ainda de que, em torno da quarta década de vida, a pele e os músculos também são marcados por alterações relevantes.
É ainda nesse espaço de tempo que, segundo o estudo, as doenças cardiovasculares começam a aparecer, levando-nos a procurar especialistas que, pouco tempo antes, nunca havíamos imaginado precisar.
“Não estamos apenas mudando gradualmente ao longo do tempo, há algumas mudanças realmente drásticas nesse período”, explicou Snyder, em nota.
O próximo salto no processo de envelhecimento, segundo aferiu a equipe, vai acontecer cerca de 20 anos mais tarde. É comum que, pouco depois de completar 60 anos, pessoas de todos os sexos passem por alterações relacionadas ao metabolismo de carboidratos e cafeína, à regulação do sistema imunológico, à função renal e a doenças cardiovasculares. A idade também é um novo marco no envelhecimento nas saúdes da pele e dos músculos.
“Esperávamos as mudanças aos 60 anos, que é quando o risco de doenças aumenta para quase todas as enfermidades e o sistema imunológico das pessoas diminui, mas encontramos mudanças adicionais”, afirmou o PhD.
Snyder chama a atenção, no entanto, para o fato de que algumas dessas novidades nem tão bem-vindas podem estar ligadas ao estilo de vida ou a fatores comportamentais inerentes à fase da vida. Ou seja, envelhecer bem depende das escolhas de cada um.
“Esteja ciente das mudanças em sua saúde para que você possa agir e viver uma vida longa e saudável”, diz ele.
