Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de agosto de 2015
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O Rio Grande do Sul tem 10,8 milhões de habitantes, de acordo com o Pnad de 2012, e 470 mil matrículas de servidores do Executivo, conforme a Secretaria Estadual da Fazenda. Os 10,8 milhões esperam por saúde, educação, segurança, estradas e outros há anos sem fim. Os 450 mil servidores (mais de uma matrícula por pessoa) não aceitam esperar até 25 dias para receber uma parte dos seus salários. Metade dos recursos do Estado é engolida pela folha dos servidores do Executivo. A outra metade é partilhada entre Legislativo e Judiciário, saúde, educação, segurança e outras despesas, inclusive previdência exclusiva (Ipergs) para os três poderes. O que sobra é investido em benefício dos 10,8 milhões de pessoas. Não sobra nada há muito tempo. Falta melhor estrutura para saúde, falta efetivo policial, falta ensino decente, falta estradas em boas condições. Falta tudo.
Todos que se lixem. Os 10,8 milhões têm seus direitos de contribuintes sonegados – e, sem sindicato, tudo fica por isso mesmo. Os 450 mil têm sindicatos fortes, que impõem os interesses das corporações. Os duodécimos (recursos) do Legislativo e Judiciário são intocáveis. Os 10,8 milhões têm demonstrado capacidade zero de mobilização. Os 450 mil são poderosos e, mais do que respeitados e temidos, são bajulados pelos governos. O Legislativo e o Judiciário são tratados como reinos inalcançáveis. Os 10,8 milhões não param de trabalhar para bloquear ruas, fechar escolas, parar hospitais ou coisa parecida. Sem força, não são respeitados, não são temidos e, muito menos, adulados pelos governos, exceto em períodos eleitorais (sem eles (o Rio Grande inteiro), ninguém vence eleição).
Essa é a realidade, porque os 10,8 milhões ainda não descobriram que são notórios excluídos do amparo do Estado que privilegia uma casta de 450 mil, o Legislativo e o Judiciário. Os 10,8 milhões são feitos por minoria rica e remediada e maioria pobre e miserável. Milhões não ganham mensalmente o equivalente ao piso do magistério. Outros milhões não recebem por ano o equivalente ao mesmo valor. Os governos gastam quase tudo que arrecadam com a estrutura dos poderes. Quanto gastam com benefícios para os 10,8 milhões de habitantes? Nos últimos anos, pouco mais de nada. Nos últimos anos, não tem havido governo para o povo. Só para o Judiciário, o Legislativo e as corporações, representadas por sindicatos poderosos, que cooptaram o Estado e ignoram as necessidade de 10,8 milhões de gaúchos.
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P.S.: Por justiça, diga-se que, ciclicamente, os 10,8 milhões de gaúchos são lembrados. Por exemplo: o governo atual está pensando em elevar a alíquota básica de ICMS de 17% para 18% e aumentar os impostos de diversos serviços, como telefonia. Todos os gaúchos serão chamados a dar mais dinheiro para o governo pagar em dia os salários de 450 mil pessoas e preservar intactos os repasses do Legislativo e do Judiciário. (Clesio Boeira.)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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