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Por Redação O Sul | 14 de fevereiro de 2019
A Corregedoria do Senado identificou seis senadores como suspeitos de terem errado ou agido de má-fé na votação que elegeu Davi Alcolumbre (DEM-AP) como presidente do Senado, no último dia 2. A informação foi repassada, na quarta-feira, pelo corregedor da Casa a Alcolumbre.
A polêmica se trata da primeira tentativa de escolher o presidente do Senado, há pouco mais de duas semanas. A votação foi feita por cédula. Depois de tirarem os votos da urna, constatou-se que havia 82 cédulas depositadas, uma a mais do que o número de senadores.
Depois de muita confusão, a votação foi anulada, sem a contagem dos votos, e repetida. Na segunda eleição, Alcolumbre foi eleito em primeiro turno. Segundo o presidente do Senado, o corregedor da Casa, Roberto Rocha (PSDB-MA), e equipe assistiram a todas as imagens da votação disponíveis na TV Senado e na segurança da Casa. No caso de seis parlamentares, as cenas gravadas não deixam claro se apenas uma cédula foi depositada na urna de votação.
Os nomes dos suspeitos não foram revelados. Sem avançar nas imagens, Rocha pediu a Alcolumbre a contratação de um perito para ajudar na investigação. Os dois vão conversar sobre o assunto amanhã.
“Ele quer contratar um perito. Vou procurar para saber sobre isso. Talvez, essa contratação possa implicar em gastos para o Senado. Ele quer buscar uma pessoa com know-how para fazer uma apuração transparente”, disse o presidente. Alcolumbre evitou responder sobre as possíveis consequências no caso de comprovação de uma fraude:
“Esses seis nomes podem ter pegado a cédula por engano ou não. Seria injusto fazer um juízo de valor agora. (…) A gente tem de ter cautela. Aquela sessão foi a mais tumultuada do Senado, com muitas candidaturas, muito tensa. A gente tem de aguardar (a apuração).”
Simone Tebet comandará CCJ
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi eleita, na quarta-feira, primeira presidente mulher da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado. É o colegiado mais importante e disputado da Casa. Aos colegas, ela prometeu que não engavetará nenhuma proposta de senador ou do governo.
Embora tenha sido derrotado na disputa pelo comando do Senado, o MDB conseguiu se manter à frente do principal colegiado da Casa depois de uma costura do presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP) e do governo. A preocupação é não ter o MDB, maior bancada do Senado, com 13 parlamentares, como adversário do Planalto.
Simone trabalhou pela eleição de Alcolumbre. Adversária de Renan Calheiros (AL) na bancada do MDB, ela desistiu de disputar a Presidência do Senado para apoiar o amapaense. No acordo para o MDB comandar a CCJ, Alcolumbre e aliados impuseram o nome de Simone.
Em seu discurso, a senadora fez referência à disputa. Agradeceu ao PSDB, que havia feito acordo com Alcolumbre para presidir a CCJ, em troca do apoio a ele, por ter aberto mão do posto. Simone também fez questão de agradecer ao MDB pela “indicação” dela como presidente.
“Gostaria de agradecer aos meus 12 colegas. Nesta cadeira, estará sentada uma emedebista, mas, acima de tudo, uma senadora de todos os senadores”, disse.
A senadora prometeu que fará uma gestão pautada no “consenso” entre os senadores. Disse que não deixará de analisar nenhum projeto. A pauta da CCJ sempre foi motivo de embate entre os senadores, que costumam terminar a legislatura frustrados por não terem seus projetos analisados.
A CCJ trata dos assuntos mais importantes que tramitam na Casa. É apenas por ela, por exemplo, que passará a Reforma da Previdência. Depois de analisada pela comissão, a proposta segue para o plenário do Senado. Simone destacou que é a primeira vez que uma mulher preside o colegiado.
“Se andarmos nesse corredor e analisarmos o painel de ex-presidentes, poderíamos nos espantar e dizer Constituição, cidadania e justiça são substantivos masculinos?”, questionou, acrescentando que mulheres ainda são minoria na política.